A Infracommerce demitiu 361 funcionários de sua operação na quinta-feira, 4 de maio. Conforme apurado pelo NeoFeed, o corte representa cerca de 8% da força de trabalho da companhia, que agora é composta por 4,5 mil funcionários – sendo 3 mil no Brasil. Por ora, os desligamentos foram limitados à operação brasileira.

As demissões envolveram profissionais de diferentes áreas da companhia. O objetivo dos cortes foi reduzir despesas em um plano para que a empresa possa fazer com que o Ebitda supere o Capex ainda neste ano. Se isso acontecer, há a expectativa dentro da companhia para obter lucro líquido positivo em algum momento de 2024.

De acordo com fontes com as quais o NeoFeed conversou, o movimento faz parte de um processo de integração das empresas compradas pela Infracommerce desde o IPO, realizado em maio do ano passado, e que capitalizou a companhia em R$ 870 milhões. Desde então, foram adquiridas sete empresas, como Synapcom, Tatix, Tevec, Ecomsur, entre outras.

Quando realizou esses M&As, a empresa absorveu os sistemas e os funcionários desses negócios, com exceção de trabalhadores de áreas cujas as atividades foram centralizadas na Infracommerce (contabilidade, setor jurídico, marketing, etc.). Mesmo assim, houve uma sobreposição no quadro de funcionários.

Ao longo do último ano, então, a Infracommerce, comandada por Kai Schoppen, realizou uma análise para reorganizar o organograma operacional após as aquisições. O que percebeu é que muitos funcionários ocupavam as mesmas funções e algumas áreas contavam com um número excessivo de gerentes. Mais de 300 pessoas foram demitidas por conta disso.

O restante dos cortes foi realizado porque a Infracommerce decidiu focar em sua operação de full commerce em detrimento de investir em outras áreas. As divisões de serviços financeiros e de inteligência artificial tiveram suas equipes reduzidas pela metade, o que significou a demissão de cerca de 50 funcionários.

Em nota, a empresa confirmou as demissões e informou que “com essa reestruturação, a companhia ficará ainda mais ágil e eficiente para continuar entregando crescimento e um alto nível de serviço para as mais de 600 marcas que se apoiam no ecossistema digital da Infracommerce para desenvolver seus canais de vendas”.

Este plano de redução de despesas já havia sido estabelecido há meses. Em setembro, a companhia captou R$ 400,8 milhões e começou a renegociar as dívidas dos M&As realizados e também os débitos bancários, que somavam R$ 450 milhões e dos quais R$ 250 milhões venciam em até dois anos, conforme afirmou, na época, Fabio Bortolotti, diretor de internacionalização e RI da Infracommerce, ao NeoFeed.

A companhia também informou, em nota, que os funcionários demitidos continuarão a receber o plano de saúde até o fim de junho e estão sendo apoiados para a recolocação no mercado de trabalho. Executivos que ocupavam cargos de liderança terão o auxílio de uma consultoria neste processo.

Conforme apurado pelo NeoFeed, existe a possibilidade de um novo corte de funcionários futuramente. No entanto, a tendência é de que isso seja feito em operações da empresa fora do Brasil. No exterior, a Infracommerce atua em oito mercados, como Argentina, Chile, México e Colômbia.

No começo deste ano, a companhia brasileira retomou os seus M&As após um hiato e anunciou a aquisição da chilena Ecomsur, que também atua com full commerce. Ainda não houve tempo hábil para que a Infracommerce possa analisar as sinergias das duas empresas.

No ano passado, a companhia viu seu prejuízo aumentar para R$ 264,9 milhões, alta de quase 600% ante 2021. A receita líquida anual mais do que dobrou, passando para R$ 891,3 milhões. Considerando somente o quarto trimestre, o prejuízo passou de R$ 24,5 milhões para R$ 71,5 milhões e a receita líquida foi de R$ 165,5 milhões para R$ 261,8 milhões.

Na época, a companhia informou que sua dívida líquida estava estacionada em R$ 219 milhões ao fim do quarto trimestre, um aumento de quase quatro vezes em relação aos R$ 58 milhões em 2021. A posição de caixa aumentou de R$ 210 milhões para R$ 293 milhões no mesmo período. O próximo balanço será divulgado no dia 9 de maio.

Avaliada em R$ 421,2 milhões, a Infracommerce já a valer R$ 4 bilhões. Neste ano, suas ações já se desvalorizaram 65% na B3.