MADRI - Se o mercado se mostra mais complicado para startups que estão tentando captar aportes de centenas de milhões de reais em rodadas de séries C e D, para a universidade espanhola IE University, o mesmo não pode ser dito para as empresas que ainda estão em suas primeiras fases de busca por investimentos.

“O mercado continua muito dinâmico no early stage”, diz Juan José Güemes, vice-presidente da IE University, universidade espanhola que é parceira do South Summit, evento de startups que acontece em Madri entre 7 e 9 de junho e que recentemente teve também uma edição em Porto Alegre.

Em conversa com o NeoFeed, um dia antes do início oficial do Summit, Güemes, que também é presidente do centro internacional de empreendedorismo da instituição, explicou que houve uma supervalorização de startups no último ano, mas que isso não deve impactar tão rigorosamente as empresas em estágio inicial.

O mercado está mais complicado para os empreendedores neste ano com a escassez de capital. Qual é a sua visão sobre o atual cenário?
O ano de 2023 vem sendo desafiador porque as condições econômicas e monetárias estão mais restritas. Estamos vendo correções nos valuations, especialmente em rodadas de captação em estágios mais avançados. Ainda assim, esperamos que neste ano exista um aumento nos investimentos, pelo menos em relação a 2021.

O mercado mudou muito entre 2021 e 2022. O que esperar para 2023?
No ano passado, escutei de um empreendedor que a empresa dele foi avaliada em 20 vezes a receita. As pessoas estavam pagando esse preço não apenas no Brasil, mas no Vale do Silício. Há algumas coisas que você não pode pagar qualquer dinheiro por ativos. Essas mesmas startups, que agora estão sem dinheiro e que tentam levantar mais capital, não encontram mais investidores que aceitam o mesmo valor de mercado.

Isso afeta startups de todos os estágios?
Isso vem impactando empresas em captação de séries C e D principalmente. Mas se você for para o early stage, vai ver que o mercado continua muito dinâmico e os fundos continuam investindo em empresas neste estágio. São companhias que não terão problemas para levantarem capital.

Em relação ao South Summit, em março houve a segunda edição no Brasil. Por que realizar o evento em um país da América do Sul?
Reconhecemos o Brasil, que é um subcontinente, como um dos mais importantes ecossistemas de startups do Brasil. É um mercado imenso com empreendedores que tentam resolver problemas de diferentes aspectos: sociais, ambientais, econômicos.

Por que em Porto Alegre e não em São Paulo ou Rio de Janeiro, cidades em que esses eventos ocorrem com maior frequência?
Porto Alegre tinha um ambiente perfeito para que o South Summit no Brasil pudesse acontecer. Não apenas pela vontade política exibida, mas pelo desejo da sociedade como um todo. Há infraestrutura e o talento para fazer com que Porto Alegre se torne uma das capitais do empreendedorismo na América Latina.