O empreendedor Marco Perlman consegui manter viva a fotografia impressa com a Digipix, empresa que ele fundou em 2004 e sobreviveu ao iPhone e à fotografia digital com produtos personalizados. Desde setembro de 2022, ele deixou o dia da empresa e passou para o board da companhia.
Agora, Perlman está colocando no ar a Aravita, sua nova startup que pretende “salvar” os alimentos frescos de irem para o lixo ou deixarem de ser vendidos nas gôndolas dos varejistas em suas condições ideais, com a ajuda de inteligência artificial.
Fundada por Perlman, Aline Azevedo e Bruno Schrappe, a Aravita acaba de captar R$ 12 milhões em uma rodada seed lidera pelo fundo americano Qualcomm Ventures e pelo argentino 17Sigma, de Pierpaolo Barbieri, fundador e CEO da fintech argentina Ualá, avaliada em US$ 2,45 bilhões.
“Existe um problema econômico de desperdício. O problema é grande no Brasil, mas também no mundo todo”, afirma Perlman, ao NeoFeed. “O timing de usar a inteligência artificial é o melhor possível. Cinco anos atrás, não dava para fazer. Cinco depois, teríamos perdido a chance.”
Também participaram da rodada o fundo mexicano Bridge (que tem entre seus LPs os principais empreendedores de unicórnios do México) e os brasileiros DGF Investimentos, Alexia Ventures, Big Bets e Norte Capital.
Bernardo Lustosa, sócio e CEO da ClearSale, e Flávio Jansen, ex-CEO da LocaWeb e do Submarino são alguns dos investidores-anjos que entraram no aporte da Aravita, que teve a assessoria do escritório de advocacia FM/Derraik.
A proposta da Aravita é ajudar varejistas a otimizar a gestão de alimentos frescos, como frutas, verduras e hortaliças, reduzindo desperdício e aumentando a disponibilidade de itens demandados por meio da adoção de inteligência artificial. A solução otimiza a compra, reduzindo sobra de alimentos e perda de vendas.
“A gestão de alimentos frescos é altamente fragmentada e complexa. A solução da Aravita permite que os varejistas otimizem o gerenciamento de estoque, ajudando a aumentar a eficiência e reduzir o desperdício”, diz Michel Glezer, diretor da Qualcomm Wireless e diretor da Qualcomm Ventures.
Estima-se que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, o equivalente a um terço da produção global, é desperdiçada por ano. É o equivalente a 3 milhões de caminhões de 40 toneladas carregados de comida, enfileirados um atrás do outro, em dez voltas em torno da Terra
Se essa montanha de comida jogada no lixo fosse um país, estaria entre os 7% mais ricos, com um PIB em torno de US$ 1,5 trilhão. E o terceiro no ranking dos grandes poluidores, com 11% das emissões de gases do efeito estufa, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
A Aravita começará a implementação de sua solução baseada em inteligência artificial focada em frutas, legumes e verduras. Depois, deverá se expandir para outros departamentos de supermercados, como padaria, confeitaria, fiambreria, peixaria e açougue.
A ferramenta está sendo testada em um varejista de médio porte, cujo nome não pode ser revelado por conta de um contrato de confidencialidade. “Fizemos testes preliminares com dados disponibilizados publicamente”, diz Perlman. “Testamos o modelo básico. Agora, é a hora de colocar o bloco na rua e ver com que acontece com dados do mundo real.”
O dinheiro do aporte será usado para a contratação de profissionais de tecnologia para ajudar no desenvolvimento e na modelagem da ferramenta. Perlman acredita que os recursos serão suficientes para 1,5 ano e 2,5 anos, tempo necessário para fazer o product market fit, e buscar mais clientes.
A ambição da Aravita é ser uma companhia global, o que explica os investidores que lideraram a rodada. "Vemos muita oportunidade dessa solução ser usada em toda a América Latina, pois a Aravita olha para uma das principais problemáticas mundiais da atualidade", afirma Bianca Sassoon, sócia da 17Sigma.
Perlman ainda não definiu o modelo de negócio da Aravita. De acordo com ele, nesta fase, o importante é validar o modelo da ferramenta e, só depois, pensar em como ganhar dinheiro. Mas ele garante que há várias estratégias que podem ser seguidas.