O mercado foi pego de surpresa com os resultados do quarto trimestre da Natura &Co, com os custos e despesas operacionais acima do esperado. O resultado foi derrubar as ações da companhia no pregão desta sexta-feira, 14 de março. Os papéis da Natura fecharam o dia com queda de 29,94%, a R$ 9,50.

“Os resultados do quarto trimestre não chegaram nem perto do que nós e o mercado esperávamos do ponto de vista operacional, com o Ebitda ajustado ficando 30% a 35% abaixo das expectativas”, diz trecho de um relatório do J.P. Morgan.

A questão das despesas gerais e administrativas foi um dos pontos centrais nos relatórios dos analistas. No quarto trimestre, as despesas operacionais da Natura tiveram um aumento de 92,4% na comparação anual, para R$ 5,3 bilhões. O resultado foi uma queda de 0,70 ponto percentual da margem Ebitda recorrente, para 9,1%, um dos pontos que decepcionaram o mercado.

Dentre os motivos que a Natura apontou como responsável por esta alta foram o aumento dos gastos com marketing, a contabilização de despesas com a parte de tecnologia como despesa e não como investimento, além da conta dos efeitos da hiperinflação argentina no quarto trimestre do ano passado.

Outro ponto que decepcionou os analistas foi a queda de 0,20 ponto percentual da margem bruta das operações da América Latina, para 63,2%. No período, a Natura viu um forte desempenho da categoria de presentes, cujas margens brutas são menores. Além disso, os esforços comerciais táticos durante esse período sazonal, especialmente os investimentos promocionais, também impactaram as margens.

Fique Por Dentro

Despesas operacionais da Natura tiveram um aumento de 92,4% no 4º tri
Receita da Natura cresceu 16,1%, chegando a R$ 7,7 bilhões
Natura tem prejuízo líquido reportado de R$ 439 milhões no 4º trimestre

Em entrevista coletiva, os executivos da Natura destacaram que o trimestre foi marcado por “efeitos excepcionais”, que afetaram a base de comparação, e que alguns pontos ainda devem continuar sendo sentidos neste ano, como a reclassificação dos investimentos em TI. Mas destacaram que são esforços para consolidar o processo de transformação e para ganho de market share.

“Temos o compromisso de ter margens melhores e com uma alocação de capital responsável”, disse Fabio Barbosa, CEO da Natura &Co. “Estruturalmente, estamos dentro do que queríamos, no ritmo que queríamos.”

Segundo ele, a expectativa é de que esses investimentos comecem a fazer efeito ao longo do ano, tendo por consequência a retomada das margens. No entanto, destacou que a recuperação “não precisa acontecer a cada trimestre” e que a companhia tem que “fazer os investimentos necessários” para perenizar a reestruturação.

A respeito do futuro da Avon Internacional, Barbosa disse que a Natura está “buscando alternativas estratégicas” para o ativo, mas acrescentou que a companhia está trabalhando para melhorar a situação financeira do ativo enquanto não encontra um comprador ou um parceiro. “Queremos colocar a empresa nas melhores condições”, afirmou.

A Natura fechou o quarto trimestre com um prejuízo líquido reportado de R$ 439 milhões, uma melhora ante a perda de R$ 2,6 bilhões registrado no mesmo período de 2023.

A receita líquida cresceu 16,1%, em moeda constante, para R$ 7,7 bilhões, com aumento de 11,4% quando excluída a Argentina e de 63,1% em reais. O Ebitda ficou negativo em R$ 139,6 milhões, revertendo o resultado positivo do ano anterior. Já o Ebitda recorrente subiu 50,4%, para R$ 703,2 milhões.

(Reportagem atualizada com o fechamento da ação da Natura)