No momento em que ativos alternativos são a bola da vez entre as gestoras para contornar os efeitos da alta dos juros, a AZ Quest tem visto a aposta que fez lá no fim de 2022 dar resultados. Principalmente na parte de infraestrutura, que está puxando a captação desse segmento na casa.
Enquanto o mercado tem priorizado debêntures incentivadas, a AZ Quest, com R$ 37 bilhões em ativos sob gestão, tem preferido estruturar fundos de infraestrutura do tipo FIP-IE, veículo de investimento destinado à infraestrutura que oferece isenção de imposto.
A estratégia vem dando resultado. Três fundos da casa captaram aproximadamente R$ 680 milhões antes do fim do primeiro semestre, fazendo com que o CEO Walter Maciel fique otimista para o restante do ano com a estratégia de infraestrutura.
A aposta é que a frente seja o principal motor de captação de ativos alternativos em 2025, fazendo com que a estratégia feche o ano com R$ 5 bilhões sob gestão.
“Em infraestrutura, percebemos que tinha na indústria um padrão de pegar debêntures incentivadas e empacotar e vender ao cliente, mas não achávamos isso um bom produto, porque não traz muito alfa ao cliente”, diz Maciel ao NeoFeed.
A captação de R$ 680 milhões veio de três fundos FIP-IE distribuídos em plataformas independentes. Em vez de comprar debêntures incentivadas dos bancos, empacotar num fundo e vender ao cliente, a AZ Quest resolveu originar acordos em casa, estruturando debêntures não incentivadas e colocando em FIP-IEs, veículo de investimento destinado a infraestrutura que oferece isenção de imposto.
Neste formato, a AZ Quest consegue gerar ganho de originação e de liquidez, repassados aos clientes, junto com o prêmio maior das debêntures institucionais frente às incentivadas, tudo isso dentro de um veículo isento de imposto.
As debêntures estruturadas pela gestora também permitem colocar dois conselheiros nos boards das empresas, garantindo que a governança esteja correta. “O fato de a gente entrar na institucional, e não isenta, faz com que a gente aproveite um spread maior, pela questão do risco”, diz Giancarlo Gentiluomo, head de distribuição de fundos alternativos da AZ Quest.

A estratégia principal de infraestrutura da AZ Quest tem distribuído rendimentos médios líquidos de 1,35% ao mês, equivalentes à 17,5% ao ano, isentos de imposto de renda. A casa conta com um total de nove fundos de infraestrutura, além de três no segmento imobiliário e dois no agronegócio.
A gestora tem fornecido crédito para diferentes segmentos de infraestrutura, mas tem mostrado preferência pela parte de geração distribuída de energia (GD). Segundo Maciel, essa predileção ocorre pelo fato da GD atender à crescente demanda do País por energia e não estar sujeita ao chamado curtailment, os cortes de energia promovidos pela ONS para não sobrecarregar a rede.
O avanço dos ativos alternativos veio na esteira da proposta de diversificação de estratégias na AZ Quest desde 2008. A parte de alternativos começou a ganhar corpo há dois anos e meio, diante da constatação de que se trata de uma linha importante para o longo prazo.
“Ela traz um dinheiro que é quase perpétuo, sendo um dinheiro com mais valor do que aquele alocado num fundo D+30”, afirma Maciel.
Ainda que os FIP-IE estejam no coração da estratégia da AZ Quest para infraestrutura, a casa quer estruturar outros tipos de fundos, para que a captação atinja R$ 1 bilhão neste ano. Maciel conta que a gestora trabalha num fundo de equity, ficando com participações em projetos.
Sem entrar em detalhes, ele afirma que o fundo deve buscar participações em projetos de GD. “Tem muito suco para tirar desse segmento no Brasil”, afirma o CEO.