Em um movimento pouco comum para empresas de tecnologia, que sempre surfaram na onda do crescimento, investidores e fundos ativistas estão começando a pressionar as big techs a reduzir custos e a serem mais eficientes.
A mais recente empresa a sofrer esse tipo de pressão é a Alphabet, holding que controla o Google, que recebeu uma carta do fundo hedge ativista inglês TCI Fund Management.
Na carta, assinada por Christopher Hohn, managing partner da TCI, o fundo hedge pede à Alphabet para cortar custos agressivamente e reduzir perdas em apostas de longo prazo, como a unidade de carro autônomo Waymo.
A TCI, com sede em Londres, disse possuir US$ 6 bilhões em ações da Alphabet e endereçou sua carta ao CEO do Google, Sundar Pichai, nesta terça-feira, 15 de novembro, escrevendo que é um acionista significativo da empresa desde 2017.
“Estamos escrevendo para expressar nossa opinião de que a base de custos da Alphabet é muito alta e que a administração precisa tomar medidas agressivas”, escreveu Hohn, na carta. “A empresa tem muitos funcionários e o custo por funcionário é muito alto.”
A medida aumenta a pressão sobre as empresas de tecnologia para reduzir os custos após um período de pandemia em que investiram pesadamente em funcionários e instalações. Na carta, Hohn escreve que o número de funcionários da Alphabet mais do que dobrou desde 2017.
“Os fundadores, Sergey e Larry, são pessoas inteligentes e perceberão que, para a empresa ser bem-sucedida, ela precisa ser saudável”, disse Hohn, em entrevista ao The Wall Street Journal (WSJ), dizendo que não busca um assento no conselho. “Uma base de custos altamente inchada não serve para a capacidade de uma empresa reinvestir e para o preço das ações se valorizar.”
A Alphabet não comentou. Mas, em uma teleconferência no mês passado, Pichai disse que a empresa havia começado a “realinhar recursos para investir em nossas maiores oportunidades de crescimento” e que a expansão do número de funcionários seria significativamente menor no quarto trimestre.
O Google observou o crescimento de suas receitas desacelerarem por cinco trimestres consecutivos e registrou a primeira queda anual nas vendas de publicidade em sua plataforma de vídeo YouTube no último trimestre.
As críticas da TCI também recaíram sobre o segmento chamado de “Other Bets” pela Alphabet. Nessa divisão, estão as apostas de futuro da holding que comanda o Google. Geralmente, negócios que vão demorar a dar lucro.
Por esse motivo, a unidade tem sido uma grande fonte de custos desde a reorganização do Google sob a holding Alphabet em 2015. A TCI disse que espera que as perdas operacionais da área de “Other Bets” cheguem a US$ 6 bilhões este ano.
Uma dessas apostas é a Waymo, a divisão de carros autônomos. “Infelizmente, o entusiasmo por carros autônomos entrou em colapso e os concorrentes saíram do mercado”, escreveu a Hohn na carta. “A Waymo não justificou seu investimento excessivo e suas perdas devem ser reduzidas drasticamente.”
Não é comum que as big tech enfrentam campanhas de fundos ativistas. Mas isso está começando a acontecer.
A Meta foi pressionada no mês passado pela Altimeter Capital, que escreveu em uma carta aberta a CEO Mark Zuckerberg, dizendo que ele precisava tomar medidas drásticas para simplificar a empresa e reduzir sua aposta no metaverso.
O fundo ativista Starboard Value assumiu, no mês passado, posições nas fabricantes de software Salesforce. e na Splunk.
As ações da Alphabet subiram cerca de 2% nesta terça-feira. A participação de US$ 6 bilhões da TCI representa menos de 1% do valor de mercado de mais de US$ 1 trilhão da companhia.