O final da primavera e o início do verão no Brasil estão diferentes do normal. Em vez do calor escaldante típico desse período, a região centro-sul vem registrando chuva e temperaturas mais baixas.
O clima ameno não diminuiu a sede dos brasileiros por uma cervejinha gelada, com a Copa do Mundo ajudando a levar mais gente para os bares e puxando para cima os preços dos produtos consumidos em casa, de acordo com a avaliação do Bank of America (BofA) a partir da análise de alguns indicadores da indústria.
A notícia, que poderia dar um reforço para a tese de investimento da Ambev, não mudou a avaliação do banco a respeito da empresa de bebidas, diante dos desafios estruturais que a companhia enfrenta.
Segundo os analistas Isabella Simonato, Guilherme Palhares e Fernando Olvera, o aumento da demanda pode ser constatado nos números da indústria de embalagens.
Segundo o trio, os dados setoriais mostram um crescimento na procura por garrafas de vidro no período. Mesmo com a indicação de que a produção nacional aumentou 5% em outubro, em base anual, eles afirmam que a importação subiu 47% entre outubro e novembro.
“A produção de embalagens de alumínio permaneceu baixa, indicando que as companhias podem ter se concentrado em aumentar os volumes em embalagens de vidro e/ou uma demanda potencialmente maior dos canais físicos antes da Copa do Mundo”, diz um trecho do relatório.
Além disso, os preços das cervejas tiveram uma ligeira melhora no quarto trimestre, comparado com os três meses anteriores. Neste caso, os dados apontam para uma alta de quase 4% nos preços dos produtos consumidos em casa, enquanto na cerveja voltada para bares e restaurantes, os valores ficaram praticamente estáveis, por conta de atividades promocionais.
Para os analistas, a desaceleração dos preços entre os períodos ocorreu porque as cervejarias reajustaram fortemente os valores no terceiro trimestre. Ainda assim, alguns rótulos despontaram, caso da marca premium Beck’s, da Ambev, com uma alta de 18,6% em base trimestral.
O avanço dos preços ocorreu em meio a uma queda na produção de bebidas alcoólicas, com dados referentes a outubro apontando para uma retração de 8%, comparado com o mesmo período de 2021.
Embora os primeiros dados a respeito do quarto trimestre sejam positivos, os analistas reiteraram a recomendação para as ações da Ambev em neutro, com preço-alvo em R$ 16,00, indicando um potencial aproximado de alta de 12% em relação ao patamar atual.
Segundo eles, a companhia enfrenta uma intensa competição, com seus concorrentes aumentando sua capacidade de produção e avançando no mercado.
Além disso, a Ambev registra uma base de custo elevada, ainda que o índice de custos mensais do segmento de cerveja calculado pelo BofA tenha reduzido 25% em dezembro de 2022, comparado com março do mesmo ano.
Por volta das 13h38, as ações da Ambev subiam 0,28%, a R$ 14,33. Em 12 meses, elas acumulam queda de 6,5%, levando o valor de mercado para R$ 225,5 bilhões.