Quem sabe faz – e vende – ao vivo. O live shopping, um conceito que mistura entretenimento com o comércio e já é bastante popular na China, acaba de desembarcar nos Estados Unidos.

Ele chega aos Estados Unidos através do aplicativo Spin Live, um marketplace na qual varejistas e influenciadores digitais podem se inscrever para transmitir vídeos ao vivo e vender diretamente aos usuários.

"Começamos a testar alguns modelos e funcionalidades em 2016, mas a pandemia do novo coronavírus fez os vídeos ao vivo se tornarem mainstream e achamos que a oportunidade para lançar esse aplicativo não poderia ser melhor", disse ao NeoFeed Brian Wiegand, fundador e CEO da Spin.

Para entender o Spin, pense no Shoptime, que tem um canal de tevê e um site para vender seus produtos. No caso do Spin, a promoção de produtos e serviços acontece em tempo real via streaming de vídeo no aplicativo.

Os varejistas podem hospedar transmissões ao vivo ou configurar ofertas para a rede de influenciadores da Spin, que podem transmitir para seus seguidores.

E, em vez de redirecionar os usuários para lojas online, o Spin traz toda a experiência de compra dentro do aplicativo, com check-outs incorporados na plataforma.

Outra diferença com o Shoptime é que o Spin funciona como um marketplace de varejistas e influenciadores. Em cada transação, o Spin cobra 4% de taxa do vendedor. Os influenciadores, por sua vez, podem ganhar até 8% do valor do produto a cada venda.

No ar há poucos dias, o Spin recebeu US$ 1 milhão do fundo chinês MSA Capital e dos americanos Rock River Capital, New Capital Fund e Winnebago Seed Fund. São 200 varejistas, nenhuma nome de expressão ainda, e influenciadores que estão vendendo produtos no aplicativo.

A aposta da startup é repetir o sucesso de plataformas chinesas de live shopping nos Estados Unidos. O Taobao, que pertence ao Alibaba, conta com mais de 4 mil "apresentadores" que promovem ao vivo 600 mil produtos.

No Dia dos Solteiros, data equivalente a Black Friday do comércio eletrônico chinês, o Taobao Live movimentou US$ 2,85 bilhões em vendas, o equivalente a 7% de total de vendas da data.

Mas o live shopping tem potencial de atrair gigantes. No mercado, comenta-se que a Amazon estaria trabalhando no Amazon Live, uma iniciativa de streaming para compras, que seria concorrente direta da Spin.

Em outras redes sociais de grande audiência, como Instagram, TikTok e YouTube, marcas e influenciadores monetizam através de posts patrocinados e publicidade. Mas nenhuma delas oferece ainda uma forma interativa de atingir os compradores.

“É uma proposta completamente diferente", afirma Wiegand. O empreendedor compara o live shopping à ida a um shopping para olhar as vitrines: você se diverte ouvindo as opiniões e interagindo com os outros usuários, podendo fazer perguntas e comentários.

O NeoFeed testou o app e viu vídeos da empreendedora independente Lacey Lynn vendendo um abridor de garrafas feito de madeira nobre, por US$ 52, e a influenciadora Kelly, mais conhecida como The Slyest Fox, falando sobre um protetor solar que custa US$ 25,59.  Para ir de um vídeo ao outro, o usuário precisa apenas deslizar a tela para baixo ou para cima.

Wiegand é um empreendedor serial que já fundou cinco startups – a Spin é o seu sexto empreendimento. Seu maior sucesso é o Jeffyfish, um site de comparação de preço, comprado pela Microsoft por US 50 milhões em 2007.

Nessa época, Wiegand trabalhou por um período na companhia de Bill Gates. Sua veia empreendedora, contudo, o fez deixar a empresa para criar outra startup, um ano depois. Dessa vez, ele fundou a Alice.com, uma plataforma de vendas de cafés gourmets.

De todos os seus empreendimentos, a Alice.com foi a única a não ser vendida. Os outros – Hopster, Nameprotect, Bizfilings.com – geraram mais US$ 50 milhões com as transações aos acionistas.

A julgar pelo histórico de Wiegand, é uma questão de tempo para o Spin ser comprado por algum peixe grande. Antes, o empreendedor quer fazer o aplicativo decolar.

“Temos canais de televisão dedicados a vender joias, câmeras e tantas outras coisas, mas sem a interatividade e o dinamismo da internet”, afirma Wiegand.

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