Nem mesmo a ressaca dos investidores ao redor do mundo com as ações de tecnologia foi capaz de parar uma trajetória que ruma quase sempre para cima: o das ações das big tech.

Conhecidas pela sigla FAAMGs (Facebook, Amazon, Apple, Microsoft e Google), o quinteto que mais se beneficiou da pandemia do novo coronavírus, pelo fato de acelerar a digitalização das pessoas e empresas, deve fechar 2021 com alta expressiva de seus papéis na bolsa de valores.

Mas uma dessas empresas se saiu melhor. É a Alphabet, a holding que controla o Google. Em 2021, suas ações subiram 69%, a maior alta entre as big tech. Seu valor de mercado está perto de US$ 2 trilhões.

Em segundo lugar vem a Microsoft, que vale US$ 2,5 trilhões, e observou seus papéis valorizaram-se 53,3%, seguida de Apple, com alta de 36,7% - a empresa da maçã está perto de valer US$ 3 trilhões. Fecham a lista Facebook, agora rebatizado de Meta, cujas ações subiram 26,7%, e a Amazon, com 4,1%.

O que explica a Alphabet estar no topo das big tech em 2021? A dona do Google se mostrou mais resiliente do que as outras empresas durante pandemia de Covid-19 e manteve as receitas publicitárias em alta, como também está observando uma expansão de sua divisão de computação em nuvem, que concorre com a AWS, da Amazon, e a Azure, da Microsoft.

No terceiro trimestre de 2021, por exemplo, a Alphabet divulgou um aumento na receita de publicidade, para US$ 53,1 bilhões. O serviço de vídeos YouTube, que pertence ao Google, deu um salto semelhante, faturando US$ 7,2 bilhões. Os ganhos superaram as estimativas dos analistas.

Ao mesmo tempo, outras empresas, como Facebook e Snap, não se saíram tão bem quanto a Alphabet, em parte por conta das mudanças de privacidade no sistema operacional iOS, da Apple. O Google sofreu menos, em razão de seu controle sobre o sistema operacional Android.

Mas o bom desempenho na área de publicidade não explica o bom desempenho da Alphabet. A receita da divisão de nuvem do Google subiu 45%, para US$ 4,99 bilhões no terceiro trimestre. O prejuízo operacional, por sua vez, diminuiu para US$ 644 milhões, contra US$ 1,21 bilhão um ano antes.

A Alphabet também obteve grandes retornos de seus braços de investimento, a GV (antiga Google Ventures) e a CapitalG, o fundo de growth da Alphabet. Empresas de portfólio, incluindo UiPath, Duolingo, Freshworks e Toast, abriram o capital este ano. Com isso, a holding registrou ganhos de US$ 188 milhões com os investimentos no terceiro trimestre, acima dos US$ 26 milhões do ano anterior.

As perspectivas, entanto, são mais discretas para 2022. Os analistas esperam um crescimento da receita na casa dos 17%, similar ao desempenho de 2019, antes da pandemia.

Os investidores querem ver também progresso em outras “apostas” da Alphabet. Entre elas, a Waymo, a empresa de carros autônomos, que segue perdendo dinheiro, embora tenha avançado em 2021. A empresa, por exemplo, começou a testar, neste ano, seus carros sem motoristas em São Francisco.