Há tempos, a Ultrapar, holding responsável pela Ipiranga, Ultragaz, Ultracargo, Oxiteno e Extrafarma, vem frustrando as expectativas dos investidores. O calvário teve início no primeiro trimestre de 2018. Desde então, a empresa tem reportado seguidos resultados abaixo das expectativas do mercado.

O saldo dessa sucessão de más notícias está expresso no valor de mercado da empresa. Segundo a consultoria Economatica, a holding, que valia R$ 40,7 bilhões no fim de 2017, observou sua capitalização despencar para pouco mais de R$ 17 bilhões, em meados de agosto deste ano, após a divulgação do balanço referente ao segundo trimestre.

Os dias de turbulência, no entanto, podem estar perto do fim. É o que prevê um relatório divulgado nesta terça-feira, 8 de outubro, pelo banco de investimento Bradesco BBI. No rastro das projeções mais positivas, as ações da empresa chegaram a subir 1,53% no pregão de hoje. E fecharam o dia com alta de 0,71%, cotadas a R$ 18,41.

Assinado pelo analista Vicente Falanga, o relatório leva em conta variáveis como o crescimento do PIB e as taxas de juros locais E mantém a recomendação de compra e o preço-alvo do papel em R$ 26, indicando um potencial de valorização de 41% para as ações da holding em relação a cotação de hoje.

“Vemos um ponto de inflexão nos ganhos e na desalavancagem da Ultrapar em 2020”, escreveu o analista do Bradesco BBI

“Vemos um ponto de inflexão nos ganhos e na desalavancagem da Ultrapar em 2020”, escreveu o analista. “O crescimento dos lucros deve ser amplamente sustentado por taxas mais baixas de CDI”, acrescentou, ressaltando que o grupo possui um saldo de R$ 8,5 bilhões de exposição de dívida ao índice em questão.

Cenário mais favorável

A análise traça quatro cenários para o grupo em 2020. Em todos eles, o quadro descrito é mais positivo quando comparado ao contexto recente da operação.

Na estimativa menos otimista, o relatório considera um panorama macroeconômico com poucas alterações em relação a 2019, com o crescimento do PIB em 0,5% e as taxas de CDI em 5,9%. Nesse caso, o ganho seria de R$ 1,07 bilhão, alta de 7% em relação ao montante previsto de R$ 1 bilhão para esse ano.

A projeção mais otimista também leva em conta o R$ 1 bilhão projetado para 2019. Mas com um cenário de crescimento de 3,5% do PIB e uma taxa média do CDI em 5%. Sob essa ótica, o lucro avançaria 63%, para R$ 1,63 bilhão.

No último resultado reportado, referente ao segundo trimestre, a Ultrapar apurou um lucro líquido de R$ 114,4 milhões, queda de 53% em relação a igual período, um ano antes.

A receita líquida recuou 4%, para R$ 21,7 bilhões. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 18%, para R$ 589,2 milhões.

Com esses números, a empresa chegou a perder cerca de R$ 1,8 bilhão de valor de mercado no pregão seguinte à divulgação.

Sucessão

À parte dos resultados reportados e das projeções, a Ultrapar anunciou ontem, após o fechamento do mercado, o início do processo de sucessão na Ultracargo, seu braço de logística.

No processo aprovado pelo Conselho de Administração e previsto para ser concluído em 31 de dezembro, Ricardo Catran, atual presidente da Ultracargo e diretor da Ultrapar, será substituído por Décio de Sampaio Amaral.

Com passagens por empresas como Souza Cruz e Vale, o executivo atuou nos últimos anos como CEO da Camargo Corrêa Infraestrutura.

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