Ainda neste ano, se a quarentena permitir, a safra 2019 do Epu, o segundo vinho da chilena Almaviva, chegará ao mercado totalmente repaginada. A ideia é que rótulo, embalagem e demais peças de marketing tenham elementos visuais que remetam ao principal vinho da vinícola.

“O Epu será a porta de entrada ao mundo do Almaviva”, diz Manuel Louzada, CEO da Almaviva Winery, que é uma parceria entre a francesa Baron Philippe de Rothschild e a chilena Concha y Toro.

A mudança do visual é a etapa seguinte ao ganho de qualidade do tinto, que nasceu como o segundo vinho da Almaviva Winery, inicialmente vendido apenas na própria vinícola e em alguns restaurantes de Santiago do Chile. O nome Epu foi escolhido porque significa o número dois na língua mapuche, indígenas do Chile.

Tradicionalmente, os grandes châteaux de Bordeaux têm o seu segundo vinho. Além do seu grand vin, como são chamados os primeiros vinhos, como um Lafite, um Mouton Rothschild ou um Margaux, os produtores destinam as uvas que não têm o padrão elevadíssimo de qualidade para o que se batizou chamar de segundo vinho. Em geral, são uvas de vinhedos ainda muito jovens, que não tiveram a maturação desejada e até que tiveram problemas de vinificação.

Claro que há exceções a esta regra. São os segundos vinhos com alma de primeiro, como o Carruades de Lafite, o segundo vinho do Château Lafite. O fenômeno do segundo vinho de Bordeaux cresceu na década de 1980, quando vários châteaux aderiram a prática de ter mais um rótulo em seu portfólio. E essa estratégia teve a consequência indireta de aumentar a qualidade do primeiro vinho.

É essa história que o Almaviva segue. O Epu era elaborado sempre que o enólogo achava que as uvas valiam para o seu segundo vinho, o que não acontecia em todas as safras. Mas, nos últimos anos, o vinho passou a ser pensando como um produto e não mais como um subproduto do Almaviva.

A safra 2017 do Epu, por exemplo, apresentada em evento na Associação Brasileira de Sommeliers – São Paulo, na semana passada, já recebeu muitos elogios. “Foi o melhor Epu que já provei. Um grande cabernet sauvignon do Chile”, afirma Arthur Azevedo, vice-presidente da ABS-SP.

Atualmente, a safra de 2016 é comercializada pelo e-commerce Wine, por R$ 637,90. O Almaviva tem preço ao redor de R$ 3.000, conforme a sua safra. O do ano de 2012, por exemplo, é vendido na World Wine por R$ 2.900.

O enólogo francês Michel Friou, responsável pelos dois rótulos, conta que o Epu é, agora, elaborado principalmente com a cabernet sauvignon, de vinhas ainda jovens para irem para o blend do Almaviva, mas já com muita qualidade.

São vinhedos cultivados com foco no Epu, ao contrário de alguns segundos vinhos de châteaux que são elaborados com as uvas que não tiveram qualidade para entrar no blend do primeiro vinho. “Ter um segundo vinho é um caminho natural, ainda mais pela qualidade das uvas”, diz Friou.

Manuel Louzada, CEO da Almaviva

A produção do Epu não deve ser muito grande. Mesmo sem revelar os números, Louzada diz que ela dificilmente será maior do que um terço da quantidade de garrafas do Almaviva e o vinho deve estar disponível em cerca de 20 países (o Almaviva está em mais de 35 países). O tinto também deve ser colocado nas mãos dos negociantes de Bordeaux, como acontece com o Almaviva, que foi o primeiro rótulo não bordalês a ser comercializado na nobre Place de Bordeaux.

O próprio blend do Epu é diferente do Almaviva, com uma porcentagem sempre maior de cabernet sauvignon e uma quantidade menor de carménère. O amadurecimento em barricas também difere e o vinho passa apenas por barricas de segundo uso (o Almaviva utiliza tanto barricas novas como usadas, em porcentagens que variam a cada safra).

“Nossa ideia é que o consumidor peça uma garrafa de Epu no restaurante e sonhe em ter uma garrafa de Almaviva na próxima refeição”, afirma Louzada.

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