O Chile é conhecido pela vocação de levar seus vinhos a outras fronteiras. O país é o maior exportador do chamado Novo Mundo e o quarto maior no mapa mundial, atrás apenas dos tradicionais França, Espanha e Itália.

Neste atípico ano de 2020, no qual as importações de vinho do Brasil cresceram 26,5%, segundo a Ideal Consulting, o Chile manteve a liderança do mercado, com 49,4% do total de garrafas vendidas no País, volume que significou 44,3% do total importado em valor.

Com esses números, o Brasil deve seguir como o maior mercado em volume para o Chile. Em valores, a liderança é da China. O vinho chileno enviado ao país custa, em média, U$ 33,1 a caixa de 9 litros (valores FOB). Por aqui, a média é de US$ 21,8 pela mesma quantidade.

A diferença é que os chilenos conseguem exportar para a Ásia um volume maior dos seus vinhos premium, aqueles com notas altas dos grandes críticos internacionais. Em geral são tintos, com cuidados não apenas na sua elaboração, como na apresentação (o que também encanta, muito, os chineses).

Nesses vinhos, predominam aqueles elaborados com a cabernet sauvignon, variedade originária de Bordeaux, mas muito bem adaptada ao país andino, principalmente no vale central.

Mas essa não é a única variedade dos vinhos premium. A emblemática carmenère mostra sua vocação e a pinot noir, principalmente na região mais costeira, vem resultando em tintos mais complexos. Conheça dez vinhos que trazem fama ao Chile.

Almaviva

Joint venture entre a francesa Château Mouton-Rothschild e a chilena Concha y Toro, o projeto nasceu em 1997, com vinhedos em Puente Alto, no Maipo, próximo à Cordilheira dos Andes. O tinto é um blend de cabernet sauvignon, em geral com mais de 60%, carmenère, cabernet franc e pequenas porcentagens de petit verdot e de merlot. Seu enólogo é o francês Michel Friou, que assumiu o cargo em 2007 e, desde então, vem trazendo maior elegância ao vinho. A safra 2017 recebeu 100 pontos, a nota máxima, e foi considerado o vinho da década pelo crítico James Suckling. Foi a segunda vez que o vinho conquistou a nota máxima: a primeira foi a safra de 2015. É vendido por R$ 2.414, na Wine.

Vizinho de vinhedos do Almaviva, Don Melchor é o vinho premium da Concha y Toro

Don Melchor

Vizinho de vinhedos do Almaviva, Don Melchor é o vinho premium da Concha y Toro. Seu enólogo Enrique Tirado o define como um blend de cabernet sauvignon. Dos 127 hectares de vinhedos, 91% são cultivados com cabernet. O vinho tem pequenas porcentagens de cabernet franc, merlot e petit verdot, que variam conforme o ano. A safra de 2018 teve 100 pontos de James Suckling e 98 do inglês Tim Atkin. Preço sugerido pela importadora VCT: R$ 945.

Seña

O projeto de Eduardo Chadwick nasceu em 1998 no coração de Aconcágua, ao norte de Santiago. Seus vinhedos são cultivados de acordo com a filosofia biodinâmica e o vinho é moldado pelo enólogo Francisco Baettig. A base é a cabernet sauvignon, mesclada com cabernet franc, petit verdot, carmenère, merlot e malbec, em porcentagens que variam ano a ano. A safra de 2016 tem 97 do crítico chileno Patricio Tapia, do guia Descorchados. A safra de 2017 está por R$ 2.200, na World Wine.

O Clos Apalta é o projeto da francesa Alexandra Marnier no vale de Apalta

Clos Apalta

Elaborado apenas em anos especiais, é o projeto da francesa Alexandra Marnier no vale de Apalta, no Chile, com consultoria do enólogo, também francês, Michel Rolland. Neste vinho, a variedade principal é a carmenère, uva emblemática do Chile. Mas a cabernet sauvignon também é bem presente. A safra 2016, que teve 99 pontos de James Suckling e 96 de Robert Parker, tem 46% de carmenère, 30% de cabernet sauvignon, 19% de merlot e 5% de cabernet franc. É vendido por R$ 2.125, na Mistral.

Viñedo Chadwick

Com vinhedos em Alto Maipo, este projeto nasceu como uma homenagem a Don Alfonso Chadwick Errázuriz, pai de Eduardo Chadwick, em 1999 e a primeira safra foi lançada em 2002. É também elaborado por Francisco Baettig, o principal enólogo do grupo Errázuriz. A safra de 2017 conquistou 100 pontos de James Suckling e 96 pontos da Wine Spectator. O vinho é elaborado com a cabernet sauvignon, com pequenas quantidades de petit verdot. A safra de 2017 é vendida por R$ 6.600, na World Wine.

VIK

No vale da Cachapoal, está esta vinícola boutique criada pelo empresário Alexandre Vik. O projeto tem foco no enoturismo, com um hotel e restaurante exclusivo, que combinam com a qualidade do vinho. O projeto nasceu em 2009, com consultoria do enólogo Patrick Valette, ex-dono do Château Pavie, de Bordeaux. É um blend de cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot, syrah e carmenere e passa 24 meses em barricas de carvalho. A safra de 2014 é vendida por R$ 1.294, na Wine.com

Talinay

Elaborado com a pinot noir no vale de Limari, este tinto premium da vinícola Tabalí vem chamando atenção como um dos melhores exemplares da variedade no Chile. Cultivado em terreno de solo calcário, com mudas da Borgonha, mescla notas terrosas e salinas e aponta para o potencial desta cepa. A safra 2018 teve 97 pontos de Patricio Tapia. É importado pela World Wine, mas está sem estoque no Brasil.

Gandolini Las 3 Marias

O enólogo Stefano Gandolini lançou este projeto em 2011, com o objetivo de elaborar um dos melhores vinhos chilenos. Deu certo. Escolheu um vinhedo no vale de Maipo, próximo aos Andes, apostou nos baixos rendimentos das vinhas e focou na cabernet sauvignon. O tinto tem também pequenas porcentagens de cabernet franc e de Petit Verdot. R$ 689, na Vinomundi.

Carmin de Peumo

O primeiro 100% carmenère ícone do Chile tem origem em Peumo, no vale de Cachapoal. São vinhedos que acompanham o leito do rio, próximo ao Andes. Atualmente, é elaborado pelo enólogo Marcio Ramírez. A safra de 2014 teve 96 pontos de Tim Atkin. Custa R$ 1.098 na Vinhos Mundi.

Sol de Sol

Este pinot noir da vinícola Aquitania tem o mérito de ter chamado a atenção para os novos vales chilenos, quando os produtores ainda focavam apenas nos vinhedos do vale central do país. Felipe de Solminihac, um dos quatro sócios fundadores da vinícola, sugeriu o cultivo de chardonnay e pinot noir na região de Traiguén, bem ao sul do país. O sucesso do vinho chamou atenção para o potencial dos novos vales. O vinho custa R$ 305, na Zahil.