No melhor estilo "comendo pelas beiradas", a startup de entregas DoorDash deu entrada na papelada para abrir seu capital e testar, pela primeira vez, o apetite de Wall Street para com companhias de delivery.

No ano passado, sua concorrente Postmates ensaiou o movimento, mas desistiu diante da "indigestão" do mercado com as prodígios do Vale do Silício. WeWork, Airbnb e outras "queridinhas" de investidores de risco também postergaram ou cancelaram os planos de IPO. 

Como Slack e Spotify, a empresa fundada em 2013 optou pela listagem direta, que lhe dá mais autonomia. A documentação da DoorDash foi homologada em segredo e está sob tutela do órgão responsável, a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês). Não há informações de quantas ações serão disponibilizadas e nem da precificação dos papéis. 

Tudo o que se sabe é que a abertura de capital, agora, quase três meses depois de a companhia levantar US$ 700 milhões, denota a necessidade de um aporte financeiro agressivo para selar o domínio no território americano.

Nos Estados Unidos, a DoorDash tem 38% do mercado, à frente do Grubhub, com 31%; do Uber Eats, com 20%; e do Postmates, com 10%. 

Ao todo, a companhia já levantou mais de US$ 2 bilhões com grandes investidores, como Sequoia Capital, Y Combinator e o Vision Fund, do Softbank.

Na última rodada, a startup foi avaliada em US$ 12,6 bilhões e além dos EUA, também tem operações no Canadá, em Porto Rico e na Austrália. 

Por se tratar de uma empresa privada, relatórios financeiros nunca vieram a público, mas a imprensa americana alega que o negócio ainda não é lucrativo.

A Doordash perde US$ 450 milhões sobre receitas que ficam entre US$ 900 e US$ 1 bilhão

Uma reportagem publicada no site The Information, em dezembro de 2019, trabalha ainda com a possibilidade de a Doordash perder US$ 450 milhões sobre receitas que ficam entre US$ 900 e US$ 1 bilhão. 

A estreia da empresa – e do setor de entregas como um todo – na bolsa de valores acontece em meio a duras oscilações do mercado por conta da crise do coronavírus.

Outro baque que pode afetar esse movimento são as disputas trabalhistas na chamada gig economy, como ficou conhecido esse mercado de trabalhadores informais.

No início de fevereiro, a DoorDash teve de desembolsar US$ 9,5 milhões para arcar com despesas judiciais ocasionadas por um processo coletivo assinado por mais de 5 mil motoristas do aplicativo, que defendem que a plataforma viola as leis trabalhistas no estado da Califórnia. 

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