No fim de outubro de 2021, o Facebook chamou a atenção do mercado ao anunciar que a companhia passaria a se chamar Meta, em um movimento para ressaltar suas novas ambições para o futuro, muito centradas no metaverso e nas interações com o uso das realidades aumentada e visual.

Entretanto, nesta quinta-feira, um dia depois de a empresa divulgar seu primeiro balanço após ser rebatizada, uma outra realidade bateu à porta de Mark Zuckerberg e companhia. Na trilha do resultado, a Meta perdeu exatos US$ 237,2 bilhões em valor de mercado no pregão de hoje na Nasdaq.

As ações da empresa, avaliada em US$ 898,5 bilhões no fechamento da quarta-feira, antes de anunciar o resultado consolidado de 2021, encerraram o pregão de hoje cotadas a US$ 237,76, uma queda de 26,39%, dando à companhia um valor de US$ 661,3 bilhões.

Com esses indicadores, a Meta registrou a maior perda diária de valor de mercado da história do mercado americano de capitais. Até então, segundo a Bloomberg, esse “feito” pertencia à Apple, que perdeu US$ 180 bilhões em setembro de 2020.

Para efeito de comparação, convertida em reais, a desvalorização registrada pela Meta hoje ficaria em R$ 1,26 trilhão. Uma cifra muito próxima dos valores de mercado somados das brasileiras Vale, Petrobras, Itaú Unibanco e Bradesco, na casa de R$ 1,27 trilhão.

De fato, não tem sido um ano fácil para as empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Desde os primeiros dias de 2022, quando o Federal Reserve sinalizou que irá aumentar as taxas de juros, essas ações vêm enfrentando grande volatilidade, dado que o setor foi um dos mais beneficiados com as políticas de auxílio adotadas pelo banco central americano na pandemia.

Os problemas da Meta, porém, vão muito além dessas questões externas. E a divulgação dos resultados referentes ao quarto trimestre de 2021 e ao ano consolidado só reforçaram o cenário desafiador para a empresa.

Entre outros números, um indicador, em especial, chamou a atenção. Pela primeira vez em sua história, o Facebook registrou queda em sua base de usuários diários ativos, para 1,93 bilhão de pessoas. Por trás desse recuo, está o avanço de um rival em particular.

“As pessoas têm muitas opções de como querem gastar seu tempo e aplicativos como o TikTok estão crescendo muito rapidamente”, destacou e reconheceu Zuckerberg, fundador e CEO da Meta na divulgação dos números.

Outros dados do resultado contribuíram para o tombo das ações na Nasdaq. O lucro do quarto trimestre ficou em US$ 10,2 bilhões, um desempenho 8% inferior ao que foi registrado na última linha do balanço, em igual período de 2020.

Ao mesmo tempo, o guidance divulgado pela Meta colocou mais uma pulga atrás da orelha dos investidores. Para o primeiro trimestre de 2022, a companhia projetou uma receita entre US$ 27 bilhões e US$ 29 bilhões, abaixo das expectativas do mercado e dos US$ 33,6 bilhões reportados no quarto trimestre de 2021.

Um dos pontos de atenção na esfera da publicidade, a alma do negócio da Meta, foi uma atualização das regras de privacidade da Apple, realizada em 2021. A empresa da maçã passou a exigir que os aplicativos tenham permissão explícita dos usuários de iPhones e iPads para que seus dados possam ser usados em frentes como segmentação de anúncios.

A queda substancial nas ações também trouxe, por consequência, um grande impacto na fortuna de Zuckerberg. Com a desvalorização dos papéis, o bilionário americano perdeu cerca de US$ 30 bilhões de seu patrimônio, para cerca de US$ 92 bilhões, segundo o Business Insider.

De acordo com o portal americano, caso os papéis sigam em queda livre, é provável que Zuckeberg deixe a lista das 10 pessoas mais ricas do mundo, compilada pela Bloomberg, pela primeira vez, desde 2015.