A Netflix está dando sequência ao seu plano de levar publicidade para dentro do seu serviço de streaming, em mais uma tentativa de trazer mais receita para a plataforma e reverter o resultado pouco favorável apurado no primeiro trimestre.

Como um próximo capítulo dessa nova saga, a empresa espera reforçar sua equipe com a contratação de um executivo para liderar a nova divisão. Entre os alvos, estão nomes de peso de empresas como Comcast e Snapchat.

Conforme reportado pelo The Wall Street Journal, a Netflix entrou em contato com nomes como Pooja Midha, executivo c-level da Comcast, e Peter Naylor, vice-presidente de vendas do Snapchat para Américas e que também já passou pela Hulu. Outros executivos também foram chamados para conversas, mas os nomes foram mantidos em sigilo.

Para tirar a ideia do papel, a Netflix esteve reunida nos últimos meses com empresas como Combast, NBC e Google para entender o modelo de operação envolvendo anúncios. “Ainda estamos decidindo como lançar uma opção com preço mais baixo e suporte a anúncios. Nenhuma decisão foi tomada”, disse uma porta-voz da Netflix ao The Wall Street Journal.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter no último mês, Ted Sarandos, CEO da Netflix, deu alguns detalhes. Segundo o executivo, a ideia é criar um plano mais barato para atrair usuários que não se importem de ver anúncios, desde que o preço seja atraente. “Estamos adicionando um plano com anúncios para pessoas que dizem ‘ei, quero um preço mais baixo e assistirei a anúncios’”, disse.

Um estudo realizado pela consultoria americana MoffettNathanson estima que a Netflix poderia gerar US$ 1,2 bilhão em publicidade por ano a partir de 2025, levando-se em conta apenas o mercado americano. Para efeito de comparação, no ano passado, a empresa reportou uma receita global de US$ 29,6 bilhões.

Seja quem for o escolhido, o executivo que irá liderar a nova divisão terá uma missão árdua pela frente. A Netflix vive uma “temporada” tenebrosa em seus negócios. No primeiro trimestre de 2022, o número de assinantes do serviço caiu pela primeira vez em mais de uma década, fazendo com que a empresa perdesse pouco mais de 200 mil usuários no período.

O serviço segue na liderança absoluta do setor, com mais de 221,6 milhões de assinaturas ativas, mas a vantagem pode não durar muito tempo. Para esse trimestre, a expectativa é de que o número de usuários volte a cair, especialmente por conta da restrição da plataforma na Rússia – o que afeta diretamente 2 milhões de usuários.

Ao mesmo tempo, serviços concorrentes vêm ganhando espaço no mercado e diminuindo a distância para Netflix. A principal ameaça é a Disney, que já soma mais de 179 milhões de assinantes, contabilizando todas as suas plataformas de conteúdo por streaming. Já a WarnerMedia, dona da HBO, tem 76,8 milhões de assinantes, sendo 3 milhões conquistados apenas no primeiro trimestre.

A Amazon também está se movimentando para turbinar o número de usuários do Prime Video. Na semana passada, a companhia incorporou uma nova vantagem aos assinantes americanos ao firmar um acordo com o Grubhub. Além de ter acesso ao serviço de streaming da empresa, quem for assinante Prime nos Estados Unidos poderá usufruir de vantagens de uma assinatura premium da startup de delivery de refeições.

Além do avanço da concorrência, a Netflix vive um momento complicado no mercado de capitais, com suas ações despencando de valor nos últimos meses. Avaliada em US$ 78,7 bilhões, a companhia viu seu valor de mercado derreter 70% desde o começo do ano.