Não foram poucos os marcos registrados pela Tesla nos últimos meses. No início de julho de 2020, a companhia liderada pelo bilionário americano Elon Musk tornou-se a montadora mais valiosa do mundo, desbancando a japonesa Toyota, e, de lá para cá, seguiu em seu rali intenso em Wall Street, chegando perto de um valor de mercado de US$ 800 bilhões.

O ano de 2020 também foi marcado pelo primeiro lucro anual da companhia e, no início deste ano, Musk passou a ser o homem mais rico do mundo, superando Jeff Bezos, com uma fortuna estimada em US$ 190 bilhões. E, na visão de Alexander Potter, analista do banco de investimentos americano Piper Sandler, 2021 tem tudo para dar sequência a essa onda positiva.

Em relatório, Potter aumentou o preço-alvo das ações da Tesla em mais de 130%, para US$ 1.200. Levando-se em conta essa faixa indicativa e as cerca de 950 milhões de ações em circulação da companhia, a Tesla superaria a marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado e chegaria a um patamar de, nada mais, nada menos que US$ 1,1 trilhão.

Para se ter dimensão do feito, caso a projeção seja materializada em Wall Street, a japonesa Toyota, segundo lugar no ranking, está avaliada atualmente em US$ 195 bilhões, enquanto gigantes tradicionais, como a alemã Volkswagen e a americana General Motors (GM) valem hoje, respectivamente, US$ 84,4 bilhões e US$ 73,4 bilhões.

O número também chama a atenção quando colocado na linha do tempo da própria Tesla, o que reforça a rápida evolução desse indicador nos últimos anos. Em junho de 2010, a empresa abriu capital e foi avaliada em US$ 1,7 bilhão. Já entre janeiro e fevereiro de 2018, o valor de mercado estava na faixa de US$ 59 bilhões.

A última precificação de Potter para os papéis da Tesla, de US$ 515, havia sido feita em setembro, quando as ações eram negociadas no patamar de US$ 440. Mas nem mesmo os analistas têm conseguido acompanhar a escalada das ações da montadora.

No pregão de hoje, na Nasdaq, as ações da empresa fecharam com alta de 5,83%, a US$ 839,81, conferindo um valor de mercado à montadora de US$ 796 bilhões.

Segundo a revista americana Barron’s, a nova avaliação do analista do Piper Sandler vem acompanhada de um extenso relatório de 104 páginas, no qual ele detalha e analisa todos os negócios da Tesla, incluindo as frentes de energia, de leasing de veículos e as vendas de software.

Na avaliação de Potter, a partir dessas fontes, a Tesla irá gerar cerca de US$ 37 bilhões em fluxo de caixa livre até 2025. Para esse ano, ele prevê que a companhia entregue 894 mil veículos. Esse volume sobe para aproximadamente 5 milhões, em 2024, e próximo de 9 milhões, em 2030.

Em 2020, a Tesla registrou recordes ao produzir 509,7 mil unidades e entregar 499,5 mil veículos da marca, um pouco abaixo da meta anteriormente traçada de 500 mil carros.

Um dos fatores que ajudaram a empresa a concretizar esses números, mesmo em meio à pandemia, foi sua fábrica na China, inaugurada a toque de caixa há um ano. Atualmente, a companhia tem outras duas unidades em construção nos Estados Unidos e na Alemanha.

Um desafio antigo da operação, o primeiro lucro anual foi de US$ 270 milhões, contra um prejuízo de US$ 862 milhões, em 2019. Ao mesmo tempo, a empresa reportou seu quinto lucro trimestral consecutivo. A receita, por sua vez, cresceu 28%, para US$ 31,5 bilhões.

O caminho da Tesla rumo a marca impressionante de US$ 1 trilhão não é, no entanto, uma unanimidade no mercado de capitais. Há quem siga na contramão dessas projeções.

É o que mostra, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Deutsch Bank, em meados de janeiro, com 627 profissionais do mercado. Para a maioria dos participantes, a companhia tem mais chance de perder metade do seu valor de mercado nos próximos 12 meses.

Ao mesmo tempo, a Tesla começa a ganhar companhia de investimentos mais robustos da concorrência na estrada para a consolidação dos carros elétricos e dotados de outros recursos. Hoje, por exemplo, a americana Ford anunciou uma parceria global com o Google, para o desenvolvimento de veículos conectados.

Com duração inicial de seis anos, o acordo, de valor não revelado, envolve todos os carros da Ford e também da Lincoln, marca de luxo do grupo americano. E passa pela adoção de conceitos e tecnologias como inteligência artificial, análise de dados e computação em nuvem.

Já na última sexta-feira, 29 de janeiro, a GM anunciou que irá migrar todo o seu portfólio para a oferta de carros elétricos até 2035. Nos Estados Unidos, a meta é chegar a 40% dos modelos nesse formato até o fim de 2025. Para cumprir essa jornada, a montadora anunciou um plano de investimentos de US$ 27 bilhões para os próximos cinco anos.

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