Na manhã desta sexta-feira, Carlos Marinelli, que comandou o Grupo Fleury de 2014 até o início deste mês, publicou uma mensagem no LinkedIn destacando, entre outros temas, a reestruturação conduzida na operação, com base na diversificação dos negócios e na transformação digital.

Meia-hora depois, Jeane Tsutsui, sua substituta, fez sua primeira aparição pública como CEO. Ela reforçou os pilares citados por Marinelle e o mantra de consolidar a operação como uma plataforma de saúde. E, além da transformação digital, ressaltou quais serão os próximos passos nessa direção.

“Esse novo ciclo terá como principal vetor ampliar significativamente a velocidade do nosso crescimento”, afirmou Jeane, no evento dirigido a analistas. “Tendo como alavanca as aquisições, o aumento do número de vidas e a integração de novos produtos e serviços.”

A estratégia inorgânica do grupo foi um dos principais temas da apresentação. E, nessa abordagem, o Fleury deixou claro que seu escopo é amplo. A empresa vai buscar ativos tanto para desenvolver novas ofertas no seu portfólio quanto para reforçar seu carro-chefe.

“Estamos olhando todas as oportunidades, não apenas em medicina diagnóstica, mas também em novos elos e, inclusive, startups”, disse Jeane. “Acordos de maior porte também estão na mesa. O que podemos dizer é que tudo está no nosso radar.”

O movimento mais recente da empresa dentro dessa orientação foi concretizado nesse mês, com a compra de 66,7% da Vita, rede paulista de consultas e cirurgias ortopédicas, por R$ 136 milhões. Em dezembro de 2020, o grupo também trouxe novas especialidades para a sua oferta com as aquisições do controle da Clínica de Olhos Moacir Cunha e do Centro de Infusões Pacaembu.

O pacote recente também incluiu investimentos realizados na Prontmed, empresa de tecnologia focada em dados clínicos e prontuários eletrônicos, e na Sweetch, healthtech israelense especializada em prevenção e gerenciamento de doenças crônicas.

Boa parte dos investimentos e das apostas na frente de novos negócios está concentrada no Saúde iD, um marketplace que busca ser um “one-stop-shop” de serviços de saúde, com a incorporação de ofertas que vão além do negócio principal do grupo.

Durante a apresentação, o Fleury destacou como a plataforma começa a contribuir para os resultados da empresa. No primeiro trimestre, das 1,1 milhão de vidas atendidas pelo grupo, 9,8% já vieram por meio do marketplace.

No período, foram realizadas 177,7 mil consultas de telemedicina, o que representou um crescimento de 104,4% em relação ao quarto trimestre de 2020 e um volume superior ao que foi registrado em todo o ano passado.

Outro ponto destacado foi o fato de que 40% dessas consultas foram originadas onde o Fleury não tem presença física. Ao mesmo tempo, a plataforma gerou uma receita de R$ 6,1 milhões, apenas em serviços de medicina diagnóstica.

“Hoje, o Saúde iD, ao lado dos novos negócios, representa 2% da receita total do grupo”, disse Jeane. “Ainda é um número tímido, mas o ponto mais importante é a capacidade de impulsionar não apenas o número de vidas atendidas, mas também a receita que virá do uso de diferentes elos da plataforma.”

A empresa não é a única a investir no conceito de plataforma de saúde. A Dasa é mais um exemplo de empresa do setor que está se guiando por esse mantra. Para isso, a companhia também vem investindo em aquisições para encorpar seu portfólio e atender um ciclo mais completo na jornada de saúde dos pacientes.

Outro nome a apostar nesse conceito é o grupo Sabin que, em março desse ano, criou o Rita, um centro de saúde digital que oferece os serviços da companhia e que tem como plano evoluir para o modelo de marketplace, com outros laboratórios, médicos para consultas via telemedicina e farmácias que vão oferecer medicamentos com descontos.

Resultado

O Fleury reportou um lucro líquido de R$ 118,6 milhões, o que representou um avanço de 102% sobre a última linha do balanço, um ano antes. Já a receita líquida no período foi de R$ 893,8 milhões, um salto de 25,2% na mesma base de comparação.

Por volta das 13h30, as ações do Fleury estavam sendo negociadas com ligeira alta de 0,16%. Avaliado em R$ 8,1 bilhões, o grupo acumula uma desvalorização de 5,51% em seus papéis em 2021, levando-se em conta o fechamento do pregão da quinta-feira.