Em meio a uma guerra por talentos, os maiores bancos de Wall Street pagaram US$ 142 bilhões em salários e benefícios em 2021, um aumento de 15% em comparação ao ano anterior.

Os cálculos levam em conta os salários e benefícios de J.P. Morgan Chase, Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Bank of America (BofA).

Esse aumento, no entanto, deve prosseguir ao longo deste ano à medida que a disputa por bons profissionais deve seguir aquecida.

O crescimento dos salários acompanha o aumento de outro custos, como o investimento pesado em tecnologia para modernizar sistemas e competir com fintechs, o que tem levado preocupação a analistas.

Ao mesmo tempo, essa expansão tem sido acompanhada, pelo menos, por enquanto, do crescimento das receitas dos bancos. Dessa forma, a parcela dos salários e benefícios para cada dólar de receita caiu para algumas instituições financeiras.

No Goldman Sachs, por exemplo, os funcionários receberam 30 centavos para cada dólar que o banco ganhou em receita em 2021, um valor 6% menor do que 2020. No Morgan Stanley, os funcionários embolsaram 41 centavos de cada dólar em receita, uma queda de 4,7%.

No J.P. Morgan, os funcionários do banco de investimento e do braço comercial, ganharam 25 centavos de dólar em receita, um aumento de 4%. “Seremos competitivos no pagamento”, disse Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan, na semana passada. “E se isso apertar um pouco as margens para os acionistas, que assim seja.”

No Goldman Sachs, um profissional médio da instituição financeira levou para cada pouco mais de US$ 400 mil no ano, um aumento de 22,8% em relação a 2020, segundo cálculos feitos pelo jornal britânico Financial Times.

Na maioria dos casos, os aumentos de remuneração vieram de bônus em vez de aumentos salariais. Principalmente nos bancos de investimentos. Por conta disso, os bancos terão mais flexibilidade para reduzir os pacotes de benefícios se os ganhos futuros caírem, como está prevendo a maioria dos analistas.

Em 2021, os bancos tiveram seus desempenhos turbinados pelo boom de M&As, IPOs e acordos de dívida. Mas, por outro lado, seus funcionários encerraram ano estressados. O período foi marcado ainda por uma revolta de analistas iniciantes.

Em março do ano passado, uma apresentação de 13 jovens analistas do banco de investimentos Goldman Sachs se tornou no assunto mais comentado de Wall Street.

Na apresentação, o grupo reclamou da alta carga de trabalho durante a pandemia, que chegava a 95 horas por semana, com jornadas que duravam até às três horas da manhã e com apenas cinco horas de sono.

O documento, intitulado “Pesquisa de Condições de Trabalho”, tinha 11 páginas e um dos gráficos mostrava que 77% deles acreditavam ter sido “vítimas de assédio profissional”. Os analistas iniciantes reclamavam também do estado da saúde física e mental.

Na época, os comentários ficaram divididos. Alguns chamaram a reclamação dos jovens analistas de mimimi. Afinal, a vida em Wall Street é intensa e cheia de pressões. Outros viram um alento para mudar o ambiente altamente competitivo do mercado financeiro.

O fato é que, mimimi ou não, os bancos de investimentos não tiveram outra alternativa a não ser aumentar salários para manter os funcionários.