Os últimos seis meses foram movimentados no varejo de supermercados e atacarejos do País. Nesse intervalo, o setor assistiu ao IPO do grupo Mateus, em outubro de 2020; à cisão entre as operações do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Assaí, no início de março; e à compra do Big (ex-Walmart) pelo Carrefour, no mesmo mês.

Com esse cenário redesenhado, o segmento promete ser palco de uma intensa disputa pela preferência dos consumidores e também dos investidores. E nesse páreo, o BTG Pactual já escolheu o seu favorito. Em relatório, o banco de investimentos destacou as perspectivas positivas para o Assaí no longo prazo.

“Considerando o cenário inflacionário e o espaço para as empresas expandirem suas pegadas, nossa principal escolha é o Assaí, que combina um histórico sólido, rentabilidade, um bom valuation e maior produtividade em suas lojas”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Savi e Victor Rogatis.

Para reforçar a visão positiva sobre o Assaí, os analistas ressaltaram alguns componentes e projeções da operação. Entre elas, a estimativa de abertura, em média, de 22 lojas da bandeira até 2025, e o crescimento médio anual do faturamento de 17% nesse intervalo.

As projeções também apontam que o Ebtida ajustado cresça 18%, em média, no período. Enquanto o lucro líquido avance 23%. Com recomendação de compra, o BTG define como preço-alvo da ação R$ 105. Avaliado em R$ 21,4 bilhões, a rede fechou o pregão desta sexta-feira com suas ações cotadas a R$ 79,75.

Já em relação ao Carrefour, o BTG Pactual elencou como pontos positivos o “tráfego mais resiliente em sua divisão de alimentos”, especialmente no Atacadão, sua operação de atacarejo, e a expectativa de uma recuperação gradual do Banco Carrefour, seu braço financeiro.

Quanto à compra do Big, no fim de março, por R$ 7,5 bilhões, os analistas frisaram que há riscos potenciais no processo de integração de um ativo desse porte e eventuais remédios aplicados na aprovação da aquisição pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Entretanto, salientaram que a “aquisição inesperada” vai expandir a presença do grupo em regiões nas quais a empresa hoje tem pouca presença, como o Nordeste e o Sul, onde o Big tem 48% e 34% de suas lojas, respectivamente, contra 20% e 11% do Carrefour.

Com a avaliação atualizada para recomendação de compra, o BTG atualizou o preço-alvo para a ação do Carrefour de R$ 24 para R$ 27. O grupo, avaliado em R$ 46 bilhões, encerrou as negociações de hoje com seu papel cotado a R$ 23,19.

Para o GPA, avaliado em R$ 9,8 bilhões e com as ações cotadas a R$ 36,57, o banco estabeleceu o preço-alvo de R$ 47. E vê menos espaço para o grupo expandir, por exemplo, sua área de vendas.

Com um crescimento anual estimado, em média, de 4,5% até 2025 nessa frente, a projeção é de inauguração de cinco lojas da bandeira Pão de Açúcar e de 30 novas lojas de bairro por ano no período, com a estimativa de expansão anual das vendas brutas de 5,2%.

Já em relação ao Grupo Mateus, o BTG ressaltou que o ativo é um bom exemplo da força que algumas redes regionais exercem no segmento. E apontou como fatores por trás dessa visão positiva o posicionamento no Norte e Nordeste; a escala muito maior do que boa parte de seus concorrentes nessas regiões, com diversos formatos de loja e um negócio de atacado; a logística eficiente; e o bom espaço para a abertura de lojas.

Sob essa avaliação, os analistas do BTG mantiveram o preço-alvo da ação em R$ 11. O grupo, que está avaliado em R$ 17,2 bilhões, fechou o pregão desta sexta-feira com seus papéis negociados a R$ 7,80.