AUSTIN - Principal inovação tecnológica dos últimos tempos, a inteligência artificial segue atraindo investimentos multibilionários e transformando a forma de fazer negócios no mundo.
O tema domina as discussões na South by Southwest (SXSW), maior evento de inovação do mundo, sediado anualmente em Austin, no Texas. Mas, para investidores locais, as maiores oportunidades estão na aplicação da tecnologia, e não no desenvolvimento de seus modelos linguagem.
Embora os investimentos em IA tenham sido inicialmente liderados por empresas que desenvolvem grande modelos de linguagem, como OpenAI, os fundos de venture capital (VCs) texanos temem que essa infraestrutura siga o mesmo caminho da computação em nuvem, com margens reduzidas ao longo do tempo.
“O que geralmente acontece em mercados competitivos é a compressão de margens e a queda de preços”, diz Morgan Flager, sócio da Silverton Partners. “Um exemplo é a AWS. No começo era um diferencial competitivo. Mas, no fim das contas, a AWS se tornou uma infraestrutura essencial utilizada por todos e as margens não são extraordinárias.”
Para Flager, o mesmo deve acontecer com os modelos de IA. “Vão ser amplamente utilizados, mas o verdadeiro valor e diferenciação estarão nas aplicações que usam essa tecnologia de forma única.”
Com isso, os investidores texanos têm direcionado capital para startups que usam IA para otimizar processos, como empresas de software e SaaS, enquanto modelos fundamentais de IA seguem concentrados na Califórnia.
Oksana Malysheva, CEO da Sputnik ATX, reforça que as gestores de venture capital do Texas têm preferido uma abordagem mais pragmática em investimentos em inteligência artificial.
“No Texas, todo VC que conheço sempre faz a pergunta: ‘Como isso vai ganhar dinheiro?’ Aqui, ninguém joga US$ 100 milhões em um projeto só porque parece interessante.”
O ambiente de negócios, segundo ela, é bem diferente da Califórnia, onde estão concentradas as principais desenvolvedoras de modelos de IA. “No Vale do Silício, muitas vezes você vê investimentos sendo feitos com base em pura especulação, sem um caminho claro para a lucratividade. Nós não fazemos isso aqui.”
*O jornalista viajou a convite do Itaú Unibanco