Na disputa entre a Tesla e as montadoras de automóveis elétricos chinesas para ver quem vai dominar o mercado nos próximos anos, a BYD obteve uma vitória simbólica em cima do bilionário Elon Musk.
Pela primeira vez, a maior montadora chinesa reportou uma receita trimestral superior a da Tesla, ainda que a rentabilidade tenha sido prejudicada pela guerra de preços que enfrenta em seu mercado natal.
A receita da BYD, que conta com ninguém menos que Warren Buffett como acionista, somou 201 bilhões de yuans (US$ 28,2 bilhões) no terceiro trimestre, conforme dados divulgados pela montadora nesta quarta-feira, 30 de outubro, segundo o jornal Financial Times. O resultado superou o faturamento obtido pela Tesla no mesmo período, de US$ 25,2 bilhões.
O aumento de 24% da receita da BYD em relação ao mesmo período do ano passado veio acompanhado de uma piora da margem bruta, que recuou de 22,1% para 21,9%. Na última linha do balanço, a companhia fechou o terceiro trimestre com um lucro líquido de 11,6 bilhões de yuans (US$ 1,6 bilhão).
A guerra de preços que vem ocorrendo na China vem prejudicando não apenas a BYD. A Volkswagen alertou que o lucro operacional de suas joint ventures chinesas pode atingir a parte mais baixa das faixas de previsões para 2024, mais perto de € 1,6 bilhão do que € 2 bilhões.
A BYD consegue contornar um pouco melhor essa situação graças a sua estrutura de produção verticalizada. A montadora desenvolve desde as baterias até os chips para os veículos. Sua margem bruta de 21,9% é ainda melhor que os 17% da Tesla e dos 14,2% da rival chinesa Zeekr.
A companhia também vem lidando melhor com a situação do mercado com carros híbridos, desenvolvendo veículos com autonomia de quase 2 mil quilômetros.
A BYD também está apostando na expansão internacional. No Brasil, a montadora assumiu o complexo industrial que pertencia à Ford em Camaçari, na Bahia, em outubro do ano passado, com previsão de investir R$ 3 bilhões, conforme mostrou o NeoFeed.
No acumulado do ano até setembro, a BYD registrou um total de 51,2 mil veículos emplacados, fazendo com que sua participação no mercado brasileiro de automóveis atingisse 3,74%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Essa expansão, porém, vem enfrentando dificuldades em alguns dos maiores mercados. Nos Estados Unidos, o governo anunciou em setembro tarifas de 100% sobre os carros elétricos, em meio à disputa geopolítica entre Washington e Pequim.
A União Europeia (UE) anunciou na terça-feira, 29 de outubro, decidiu aplicar uma tarifa extra de 17% sobre a importação de veículos da BYD pelos próximos cinco anos. A justificativa é de que o governo da China oferece subsídios excessivos para as montadoras. Além da BYD, foram sancionadas a Geely, com uma tarifa extra de 18,8% e a Saic Motor, com 35,3%.