Maior produtora de chips e semicondutores no mundo, a gigante Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), de Taiwan, poderá ter de arcar com uma multa de, pelo menos, US$ 1 bilhão para encerrar uma investigação nos Estados Unidos.
A companhia está sendo acusada de produzir chips para a chinesa Huawei, que não pode receber produtos feitos com tecnologia americana. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos descobriu que o chip fabricado pela TSMC combinava com o que foi encontrado no processador de inteligência artificial Ascend 910B, da Huawei, o que fere uma determinação do governo americano.
A TSMC produziu quase três milhões de chips nos últimos anos que correspondiam a pedidos feitos pela empresa chinesa Sophgo. Só que eles acabaram sendo deslocados para a Huawei. A apuração do caso está sendo feita pelo Centro de Tecnologia, Segurança e Política do think tank Rand, na Virginia.
Como os equipamentos da companhia de Taiwan incluem tecnologia dos Estados Unidos, as fábricas da TSMC em Taiwan estão sujeitas ao controle de exportação americano, que a impedem de produzir chips para a Huawei ou vários tipos de chips avanços para clientes chineses sem o aval da Casa Branca.
A penalização à empresa taiwanesa ocorre justamente em um momento de tensão entre os governos dos Estados Unidos e de Taiwan. Os países iniciaram conversas para renegociar as condições do tarifaço do presidente Donald Trump, que taxou em 32% as importações vindas do país asiático.
Em tese, as tarifas excluem os chips produzidos em Taiwan, mas Trump já avisou que sua equipe estuda possível tributação sobre semicondutores.
Em março, a empresa revelou ao governo americano um planejamento que inclui investimentos de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos para a construção de cinco novas fábricas para produção de chips.
O anúncio foi oficializado em uma reunião entre Trump e o CEO da TSMC, C. C. Wei, que detalhou os aportes em solo americano. A empresa, que produz chips para gigantes como Apple, Intel e Nvidia, já tinha revelado plano de investir US$ 65 bilhões e construir três unidades fabris no Arizona.
Desde que assumiu a Casa Branca, Trump vem tentando reduzir a soberania das empresas de Taiwan, que são responsáveis por 60% da produção global de chips.
No governo de Joe Biden, em 2022, foi criada uma lei chamada Chips and Science Act, que destina US$ 52,7 bilhões em subsídio para produção e pesquisas de chips e semicondutores. Desde então, a TSMC já recebeu US$ 6,6 bilhões em incentivos para instalação de suas fábricas em solo americano. Hoje a empresa tem uma unidade e planeja a segunda fábrica para 2028.
Funcionários do governo dos Estados Unidos trabalham para que a penalização contra a empresa de Taiwan seja ainda mais alta, por causa da violação da exportação. O Departamento do Comércio não quis se pronunciar.
Em resposta à Reuters, a porta-voz da TSMC, Nina Kao, afirmou que a companhia está comprometida em cumprir a lei dos Estados Unidos. Também falou que a empresa não fornece chips para a Huawei desde setembro de 2020 e que estão cooperando com as investigações do Departamento de Comércio americano.
No ano passado, o faturamento da TSMC alcançou 2,9 trilhões de dólares taiwaneses (US$ 87,5 bilhões), no melhor resultado da companhia desde a abertura de capital, em 1994. Tecnologias ligadas à Inteligência Artificial ajudaram a impulsionar os resultados.
Após a revelação da investigação e da possível multa, as ações da TSMC negociadas nos Estados Unidos tiveram queda de quase 3%, mas se recuperaram. O papel da empresa fechou o pregão de terça-feira, 8 de abril, com desvalorização de 0,62%.
Avaliada em US$ 641,8 bilhões, a TSMC acumula desvalorização de 28,9% na bolsa americana em 2025.