Em um intervalo de apenas quatro meses no ano passado, o grupo americano Jokr, que controla a operação do aplicativo brasileiro de delivery de mercado Daki, fez algo pouco visto no mercado: captou duas rodadas de Série A e B que somaram US$ 430 milhões e fizeram a startup atingir um valuation US$ 1,2 bilhão.

Menos de um ano depois de sua última captação, feita em dezembro e no valor de US$ 260 milhões, a companhia vai atrás de uma nova injeção de capital. Desta vez, porém, o valor é bem menor: apenas entre US$ 35 milhões e US$ 50 milhões para uma rodada de Série C. O aporte deve avaliar o negócio em US$ 1,3 bilhão.

A nova rodada foi revelada pelo site The Information. Os investidores são os mesmos que já apostaram na empresa. A G Squared e GGV Capital devem liderar o novo aporte. Tiger Global, Greycroft, Activant Capital e Balderton Capital também devem participar do round.

A companhia não confirma o valor, mas informou que está em conversas com investidores, existentes e novos, para mais uma captação. Além de uma rodada com um valor bem menor que as anteriores, o acordo tem termos vantajosos aos investidores.

O term sheet apresentado aos empreendedores traz uma cláusula de liquidation preference de 1,4 vezes. Isso significa que os investidores garantem retorno de 40% caso a empresa seja adquirida ou liquidada, desde que haja dinheiro disponível para isso.

De qualquer forma, o aporte deve representar um alívio financeiro para a companhia que estava perdendo cerca de US$ 10 milhões por mês, segundo documentos enviados para possíveis investidores desta nova rodada. A startup não comentou o assunto.

Os problemas fizeram com que a empresa anunciasse, ainda em junho deste ano, que deixaria de operar nos Estados Unidos. O motivo seriam os custos elevados e a competição dura no mercado americano. A ideia é se dedicar exclusivamente a sua operação na América Latina. Na região, o negócio está presente em México, Colômbia, Chile e Brasil.

No Brasil, a startup responde pela Daki, fundada em 2020 por Rodrigo Maroja, Rafael Vasto e Alex Bretzner e que se fundiu ao grupo americano em julho do ano passado. A competição por aqui se dá contra empresas como iFood e Rappi – apesar de trabalhar com um modelo diferente.

Ao contrário de seus competidores que firmam parcerias com redes de mercados, a Daki armazena os produtos em dark stores próprias. A empresa diz que tem 80 unidades espalhadas pelas capitais São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além de cidades como Niterói, Santos, Osasco, Campinas, Guarulhos e municípios do ABC Paulista. As lojas são abastecidas por três centros de distribuição, um em cada estado.

Os fundadores da Daki (da esq. à dir.): Rodrigo Maroja, Rafael Vasto e Alex Bretzner

“Temos um plano montado para (chegar em) outras capitais, possivelmente, já na virada do ano”, disse Vasto, cofundador e CEO da Daki, em entrevista realizada ao NeoFeed em dezembro do ano passado. “Nossa projeção, para 2022, chegando a outros estados, é ter 150 dark stores, e não apenas em capitais. Vamos expandir a infraestrutura, o que inclui a nossa equipe.”

Desde então, porém, o negócio vem enfrentando turbulências. Como outros unicórnios, a Dani começou a demitir. Entre janeiro e julho deste ano, a startup desligou 119 funcionários. Segundo a startup, os desligamentos faziam parte de um movimento de substituição e não de encolhimento de equipe. A Daki não informa o número de contratações no período, mas diz que fez 69 admissões em agosto.

Procurada pela reportagem do NeoFeed, a Daki informou que não iria se posicionar neste momento.