Na pandemia, a Zoom cresceu em tamanho e em serviço. A empresa, que viu suas ações saltarem quase 700% desde o começo deste ano e atualmente vale US$ 160 bilhões, está estendendo os seus tentáculos para uma nova área. Dessa vez, a novidade é a plataforma OnZoom, que permite a usuários cobrar por sessões de videoconferência.

Por enquanto disponível apenas em território americano, a ferramenta é uma espécie de "Airbnb Experiências" versão live streaming. Ali estão disponíveis, por exemplo, uma aula de ginástica completa de 40 minutos por US$ 10 e uma sessão de uma hora de piano clássico por até US$ 5. É possível organizar ainda eventos gratuitos ou pedir doações a uma determinada ONG.

O valor, a duração e o formato dos eventos são definidos pelos usuários organizadores, que precisam ser assinantes da Zoom. A companhia trabalha com três categorias diferentes, sendo a mais barata delas US$ 14,99/mês. O número de participantes aceitos nas videochamadas da OnZoom varia de acordo com a modalidade de assinatura dos hosts, mas a capacidade máxima para uma sessão é de mil participantes.

Neste primeiro momento, a Zoom não está cobrando nenhuma taxa ou porcentagem sobre os "ingressos" vendidos pela plataforma. O plano é instituir algum tipo de tarifa em 2021, quando a plataforma for estendida a outros países e mercados. 

Os pagamentos podem ser feitos por cartão de crédito ou PayPal, e a política de reembolso é definida pelo anfitrião, que escolhe entre duas opções: recusar qualquer pedido de cancelamento ou trabalhar com a devolução integral do dinheiro dos interessados, se a desistência for confirmada até uma hora antes do evento.

Com a OnZoom, a companhia ganha um diferencial importante em relação as suas principais concorrentes, como o Skype, da Microsoft, o Google Meet e a BlueJeans, adquirida pela Verizon em abril deste ano, por valor não definido.

Para Phil Simon, analista de tecnologia e autor do livro "Zoom for Dummies", a novidade é mais do que bem-vinda. "Ainda é muito cedo para avaliar a performance desta ferramenta, mas tudo indica que seja algo interessante. A Zoom tem feito um ótimo trabalho para se manter relevante e se destacar, e esse lançamento é a melhor prova disso", disse Simon ao NeoFeed.

Isso não significa, contudo, que a companhia esteja livre de competição. Empresas como a Live Nation e EventBrite, por exemplo, estão investindo pesado em experiências virtuais e devem disputar esse nicho com a "novata". No Brasil, a Zoom, quando estrear o serviço por aqui, vai enfrentar ainda a Sympla e a Ingresse.

Apesar de ser uma novata nessa área, a Zoom tem uma sólida trajetória e base de usuários. Seu primeiro e principal produto, as videochamadas, foram lançadas em 2013 e atraiu, principalmente a partir da pandemia, uma legião de clientes, sobretudo corporativos.

Em junho deste ano, 265,4 mil companhias com mais de 10 funcionários assinavam o serviço, que oferece salas de reuniões virtuais e outras soluções.

Em agostos deste ano, foi a vez do Zoom Phone ir ao ar. Como o próprio nome diz, trata-se de uma "linha de telefone" virtual. Tal qual o Skype, o Zoom passou a permitir que seus usuários façam chamadas locais ou internacionais, para celulares ou números fixos. 

A empresa oferece um plano de chamadas locais ilimitadas por US$ 15 ou um plano limitado com cobrança por minuto de conversa. Ligar dos EUA para um número fixo no Brasil custa, por exemplo, US$ 0,05/minuto. Já a chamada para um celular brasileiro sai por US$ 0,2/minuto. O Skype, principal concorrente neste setor, cobra US$ 0,03/minuto de ligações para números fixos e US$ 0,15/minuto para celulares.

Mesmo cobrando um pouco mais caro, o Zoom ganha tração em suas ferramentas por agora permitir a integração com apps de terceiros. Softwares como Slack, Atlassian, ServiceNow e Salesforce devem todos "conversar" com a ferramenta de videoconferência até o final deste ano. 

Em seu último relatório trimestral, divulgado em junho, a receita foi de US$ 328,2 milhões, um aumento de 169% em relação a mesma época do ano passado. A Zoom anotou lucro de US$ 27 milhões no período.

Essas metas alimentam a previsão de que, ao fim de seu ano fiscal, a companhia tenha gere entre US$ 1,7 bilhão e US$ 1,8 bilhão de receita, com lucro de US$ 355 milhões. 

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