Com o mercado internacional de aço mostrando forte volatilidade, muito em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Usiminas não trouxe boas notícias na manhã desta quarta-feira, ao anunciar suas projeções para os volumes de vendas de aço da unidade de siderurgia no segundo trimestre.

Divulgada em fato relevante, na sequência do resultado do primeiro trimestre, a previsão é de que o volume fique entre 950 mil e 1,05 milhão de toneladas entre abril e junho. Segundo o BTG Pactual, o ponto médio do intervalo traduz uma queda de 12% em relação ao registrado no primeiro trimestre.

“A redução de guidance para o segundo trimestre está totalmente focada na redução das nossas exportações”, disse Miguel Angel Homes Camejo, diretor vice-presidente comercial da Usiminas, em conferência com analistas a respeito do desempenho trimestral da empresa.

Diante desse cenário, a Usiminas vai olhar com mais atenção para “dentro de casa”, dando mais foco ao mercado interno, onde enxerga um cenário mais propício para compensar parte da queda no volume de venda de aço projetado para o período.

Essa expectativa está alinhada com o avanço de 2% nas vendas do primeiro trimestre no mercado doméstico, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). “Nós iremos acompanhar essa estimativa de melhora sequencial do mercado interno”, afirmou Camejo.

O otimismo da Usiminas contrasta com a visão dos distribuidores de aço ouvidos pelo Inda, que esperam uma retração de 15% no volume de vendas para abril, depois da disparada de 17,7% das vendas em março, em base anual, com muitos clientes das siderúrgicas se antecipando aos reajustes de preços implementados no início desse mês.

No médio prazo, a perspectiva mais positiva da Usiminas é reforçada pelo próprio Inda, que projeta que o setor irá fechar 2022 com um crescimento de 5% nas vendas de aço.

Ainda sob a ótica de voltar sua atenção para as suas fronteiras, no que diz respeito aos custos, a expectativa da Usiminas é de estabilidade, disse Alberto Ono, diretor vice-presidente de finanças e futuro diretor-presidente da siderúrgica.

Segundo o executivo, a companhia ainda deve registrar custos elevados com carvão e coque, pois esses produtos foram adquiridos quando estavam em preços elevados. Por outro lado, as placas, adquiridas a preços mais baratos antes da guerra da Ucrânia, ajudarão a contrabalancear. “A expectativa é de custo de produção estável”, disse Ono.

Resultado

Caso se concreitize, o cenário projetado pela Usiminas ajudará a reverter o desempenho da operação no primeiro trimestre. Ao inaugurar a temporada de balanços das empresas listadas na B3, a empresa fechou o período com um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, alta de 5% em relação ao mesmo período de 2021.

O resultado da última linha do balanço, porém, representa um recuo de 49% ante o quarto trimestre do ano passado, devido ao impacto de fatores como mais chuvas no período na região Sudeste, o que afetou a área de mineração; mais custos com carvão e coque; e preços mais baixos com aço.

Por conta dessas questões, a receita líquida recuou 3% em relação aos três meses anteriores, para R$ 7,8 bilhões. Na comparação anual, o indicador cresceu 11%.
Já o Ebitda ajustado caiu 36% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e 37% ante o quarto trimestre, para R$ 1,5 bilhão, com a margem recuando 14 e 11 pontos percentuais, respectivamente, para 20%.

Para o Goldman Sachs, que considerou fraco o desempenho reportado entre janeiro e março, a Usiminas deve apresentar uma melhora significativa no segundo trimestre, com o avanço dos custos sendo compensada por um aumento agressivo dos preços praticados no Brasil – o banco projeta um avanço de 28%, na comparação trimestral, com a renegociação de contratos com as montadoras.

Por volta das 13h36, as ações preferenciais classe A da Usiminas caíam 5,88%, a R$ 12,33. Com isso, os papéis acumulam queda de 17,6% no ano e apontam para um valor de mercado de R$ 14,7 bilhões.