O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, aprovou nesta quarta-feira, 14 de dezembro, um aumento da taxa de juros de 0,5 ponto percentual, interrompendo uma sequência de quatro altas consecutivas de 0,75 ponto percentual.

A desaceleração das taxas de juros, cujas taxas médias passaram a ser de 4,25% a 4,5% ao ano, era esperada pelo mercado após o anúncio, na véspera, de um aumento menor da inflação nos EUA (de 0,1% em novembro) do que o previsto.

As boas notícias ficaram por aí. No comunicado que acompanha a decisão sobre os juros, o Fed advertiu que pretende contrair mais a economia americana do que estava planejando para combater a inflação.

Com isso, as taxas de juros devem seguir subindo em 2023, sem previsão de queda até 2024. A inflação deve desacelerar no próximo ano num ritmo menor do que o Fed havia previsto em setembro.

O Fed projeta que o núcleo da inflação, que exclui as categorias voláteis de alimentos e energia, caia de 5% na base anual em outubro para 3,5% no final do ano que vem. A previsão está acima de uma projeção de 3% em setembro.

Quanto aos juros, a chamada "taxa terminal" - ponto em que o Fed espera encerrar o ciclo de aumento das taxas - foi estipulado em 5,1% em 2023, acima dos 4,6% que havia sido projetado em setembro.

Para 2024, os juros devem chegar 4,1% até o final do ano, com novas quedas até chegar a 3,1% em 2025, antes que a referência se estabeleça em um nível neutro de longo prazo de 2,5%.

Na esteira das más notícias, o crescimento do PIB também foi revisado para baixo: de 0,5% para 0,2% em 2022; de 0,5% para 1,2% em 2023; de 1,60% para 1,70% em 2024 e manteve em 1,8% a estimativa para 2025

O mercado financeiro reagiu de início negativamente a esse possível prolongamento do ciclo de alta de juros, recuperando-se um pouco depois.

O Índice Dow Jones variou de uma queda de 0,9% para 0,4%. A bolsa eletrônica Nasdaq chegou a cair 1,1%, índice que depois girou em torno de 0,7% no final do dia.

Todos os 11 setores do S&P 500 -  índice composto pelos maiores ativos, negociados nas bolsas NYSE e Nasdaq - chegaram a ficar no vermelho, com materiais e bens de consumo liderando as queda, registrando no fim do dia queda de 0,61%.

Inflação na mira

Em uma entrevista, o presidente do Fed, Jerome Powell, considerou “encorajadora” a diminuição do ritmo da inflação registrada em novembro (anualmente 7,1%), mas deixou claro que não pretende rever a meta de inflação estipulada pelo Fed, de 2% ao ano, para alterar a política de alta de juros.

“Não estamos considerando isso, não vamos considerar isso sob nenhuma circunstância”, disse, acrescentando depois que “não descarta completamente” olhar para isso a longo prazo.

Powell alinhou alguns fatores que contribuíram para a previsão de juros altos nos próximos meses. O crescimento do mercado de trabalho nos EUA, por exemplo, maior do que o previsto, deve impactar num aumento de inflação em 2023.

“As empresas relutam muito em demitir pessoas, por isso que o Fed está antecipando que precisará continuar restringindo a economia por algum tempo”, disse Powell.

A mensagem foi de que o Fed ainda espera que o desemprego não suba acentuadamente, mas acha que o maior erro seria permitir que os rápidos aumentos de preços se consolidassem.

O crescimento do mercado de trabalho levou o Fed a revisar as projeções para o desemprego: de 3,7% para 3,8% em 2022; de 4,60% para 4,40% em 2023 e 2024; e de 4,5% para 4,3%, em 2025.

Questionado sobre a possível dor causada pelas políticas do Fed, Powell diz que “a pior dor viria de um fracasso” em controlar a inflação.