Os bancos americanos empolgaram Wall Street, com bons resultados abrindo a temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos. No Brasil, os números do último trimestre começam a ser divulgados a partir de 5 de fevereiro. Mas as expectativas não são tão otimistas.

O Citi avalia que os bancos brasileiros deverão manter a tendência observada ao longo de 2024 no balanço do quarto trimestre, com cautela na originação de crédito e margens financeiras sólidas. A grande preocupação, no entanto, é para 2025.

“Nossas discussões com os bancos apontaram recentemente para um tom mais moderado em relação a 2025, explicado principalmente por um cenário macroeconômico mais desafiador, com taxas de juros mais altas e uma potencial desaceleração econômica”, afirmam os analistas Gustavo Schroden, Brian Flores e Arnon Shirazi.

A maior preocupação dos bancos, destaca o relatório, é com a qualidade do crédito diante da expectativa de um cenário mais adverso. O Bradesco deve ser um dos mais impactados, segundo o Citi, que reduziu em 9% sua projeção de lucro para 2025, estimando R$ 21,3 bilhões.

Na avaliação dos analistas, o banco deve decepcionar na linha da receita, reflexo da redução de riscos na carteira de crédito e sua alta sensibilidade negativa à elevação dos juros, o que pode desacelerar a tentativa de turnaround da nova gestão. “Os ganhos de eficiência serão limitados em 2025”, apontam.

Outro banco mais vulnerável à piora das condições macroeconômicas é o Nubank, para o qual o Citi mantém recomendação de venda das ações. Um dos principais riscos está no crescimento da carteira de crédito, que registrou expansão anual robusta de 47% no terceiro trimestre.

“Os modelos de risco do Nubank  serão testados em um cenário macroeconômico difícil, no qual vemos um risco negativo em relação aos lucros esperados, especialmente porque outras fontes de receita parecem levar mais tempo para se traduzirem em ganhos líquidos.” A perspectiva do Citi é que o Nubank encerre o ano com lucro de US$ 2,5 bilhões, 11% abaixo do consenso de mercado.

Os bancos mais protegidos nesse cenário, segundo os analistas, são Itaú e BTG Pactual. O perfil de clientes de maior renda do Itaú reduz os riscos de inadimplência, enquanto a diversificação de receita do BTG deve continuar impulsionando o retorno sobre o patrimônio (ROE). O Citi enxerga um potencial de alta de 53% para as ações do BTG, um dos maiores no setor.

Para o Banco do Brasil, as projeções são mistas. A expectativa é que a taxa de juros contribua positivamente para os resultados, levando os analistas a aumentarem em 5% a projeção de lucro para 2025, para R$ 40,7 bilhões. Por outro lado, o banco deve enfrentar maior inadimplência no segmento de agronegócio. “Esse tema deverá dominar a narrativa no curto prazo”, avaliam os analistas.

A recomendação do Citi para as ações do banco é neutra, mesma classificação atribuída ao Santander, cuja visão é de melhora contínua, mas com margens afetadas pelo ambiente macroeconômico.