Num movimento quase sequencial no mercado de criptomoedas, agora chegou a vez das empresas de capital de risco DST Global e Breyer Capital se envolverem na criação de um novo fundo. Ambas estão entre os investidores de um fundo de US$ 500 milhões da Binance para aportar em negócios na área de criptoativos.

O novo fundo foi anunciado nesta quarta-feira, 1 de junho, pela exchange americana. Os recursos serão levantados com as duas empresas de capital de risco, além de family offices, para investimentos em startups que atuam com Web3. Isso será feito através do Binance Labs, braço de capital de risco da corretora.

A Web3 é um termo que vem sendo usado para definir a transformação na interação dos usuários com o ambiente digital, buscando uma relação mais descentralizada e tendo a tecnologia blockchain como motor para que isso aconteça.

Uma das maiores corretoras de criptoativos com mais de US$ 490 bilhões em volumes de transação em março, a Binance não revelou o tamanho dos cheques que pretende fazer em seu primeiro fundo financiado por investidores externos, mas disse que as apostas serão divididas em empresas em estágios de pré-seed, early stage e growth, além da compra de tokens.

Fundada em 2017, a exchange já está acostumada ao ambiente de venture capital. Através do Labs, a companhia investiu no estúdio de jogos Sky Mavis e na Terraform Labs. Em outro investimento, a Binance também integrou a lista de apoiadores da ideia de Elon Musk de comprar o Twitter. A companhia se comprometeu a investir US$ 500 milhões para apoiar a compra das ações da rede social pelo bilionário que é dono da Tesla e da SpaceX.

Fora do mercado de tecnologia, a Binance também se tornou acionista da revista de negócios Forbes ao investir US$ 200 milhões na operação em fevereiro deste ano.

Com o fundo da Binance, a DST Global, que já investiu em empresas como Facebook, Twitter, Snapchat, Spotify, Airbnb, entre outras, começa a dançar a mesma música de outras gestoras de capital de risco.

No fim de maio, a Andreesseen Horowitz lançou seu quarto fundo destinado a investimentos em moedas digitais. O veículo é composto por US$ 4,5 bilhões, dos quais US$ 1,5 bilhão serão utilizados em aportes seed e o restante em cheque acima desse estágio.

A Sequoia Capital também fez uma aposta no setor. Em fevereiro, a gestora que já invesstiu em empresas como Google, a Apple e WhatsApp informou que vai investir entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões em criptomoedas.

Os movimentos chegam em um momento de baixa no mercado de moedas digitais e que está sendo chamado de “inverno cripto”. O bitcoin, a moeda mais conhecida e negociada nas exchanges, viu seu valor de mercado derreter 36% desde o começo do ano. Cada unidade agora é negociada por volta de US$ 30,3 mil.

Recentemente, Christine Lagarde, ex-presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e atual presidente do Banco Central Europeu, não poupou críticas às criptomoedas. “Minha avaliação muito humilde é de que isso não vale nada”, afirmou Lagarde, em entrevista concedida a estudantes holandeses, no programa “College Tour”. “É baseado em nada. Não há um ativo atrelado para atuar como uma âncora de segurança.”

Para o site da CNBC, Ken Li, diretor executivo de investimentos e fusões e aquisições da Binance Labs, afirmou que não espera que o movimento de queda afete empresas privadas – ao menos nas operações menores. “Não há impacto atual nos mercados privados e em estágio inicial”, disse Li.

De certa forma, o novo fundo não chega a surpreender o mercado. No começo do ano, Changpeng Zhao, fundador da Binance, afirmou que a empresa tinha “bilhões prontos para investir” em Web3.

Na época, o anúncio foi recebido com certo ceticismo do mercado, até pela falta de definição sobre o que é a Web3. Zhao, por sua vez, lembrou o movimento de ascensão das redes sociais liderado pelo Facebook. “Antes do Facebook começar, ninguém poderia prever o que seria. Nós apenas temos que ver o que acontece”, disse.