O FIP XP Private Equity II, da XP Asset, acaba de fazer o quinto cheque desde que captou R$ 1,7 bilhão para investir em empresas. A escolhida da vez foi a Dux Company, de suplementos nutricionais, dona das marcas Dux Human Health e Eat Clean. O private equity da XP está aportando R$ 250 milhões na companhia por uma participação minoritária relevante.

“Chegamos na Dux porque eles despontaram em crescimento e os fundadores têm uma excelente capacidade de execução”, diz Chu Kong, head da área de private equity da XP Asset ao NeoFeed. O investimento será usado para o crescimento da companhia. E a ampliação da unidade de produção em Jundiaí, hoje responsável por 60% de demanda da companhia, é um dos focos.

No ano passado, a empresa faturou R$ 700 milhões. Mas cálculos da Dux apontam que, se ela tivesse capacidade para produzir mais dos seus whey proteins, creatinas, barrinhas, entre outros, a receita teria sido de R$ 800 milhões. “Um vendedor nosso tirava o pedido de R$ 100 mil e víamos no estoque que tínhamos capacidade para entregar R$ 60 mil em produtos”, diz Lucas Barhum, cofundador da Dux.

Isso aconteceu ao longo de todo o ano passado, o que fez a empresa deixar de faturar R$ 100 milhões a mais. Mais do que aumentar essa capacidade produtiva, o dinheiro do private equity será destinado também para P&D, capital de giro e M&As estratégicos. “Concorrentes com viés de complementaridade”, diz Kong.

A Eat Clean, comprada pela Dux no início do ano passado, é um exemplo. Além de ter uma pegada plant based, a companhia é forte em linhas de spreads, as famosas pastas como as de amendoim. Essa era uma área em que a Dux não tinha presença e acabou ganhando espaço com a aquisição.

A empresa, aliás, já delineou o plano de como pretende atuar daqui para frente. A palavra de ordem é longevidade. “Temos a ambição de tornar a Dux líder e referência em nutrição para a saúde humana, da infância a terceira idade”, diz Marcelo Pacífico, cofundador da Dux Company. “É como se fosse o mercado de medicamentos, mas pensando muito mais em prevenção do que em tratamento.”

Um fenômeno que tem feito companhias de suplemento ganhar mais destaque é o do Ozempic, o remédio que virou febre no emagrecimento. “Esses medicamentos trazem com eles também uma necessidade porque eles mudam muito o metabolismo e a característica nutricional de uma pessoa”, diz Barhum. “Vai surgir uma categoria aí”, afirma.

A Dux foi fundada há 10 anos por Barhum e Pacífico, ambos formados no Insper. Na época, os dois trabalhavam no mercado financeiro antes de “largar tudo pelas proteínas”. Barhum havia atuado na área de M&As no Citi e no BV, e Pacífico tinha passado pela corretora Rico e pelo BTG Pactual.

Com R$ 100 mil captados no formato family and friends, os dois iniciaram a operação de suplementos. “A gente começou terceirizando todas as etapas do negócio. Praticamente conectávamos todos os elos da cadeia”, diz Pacífico. Barhum faz questão de frisar que a única parte que não foi terceirizada é a formulação dos produtos.

Da esq. à dir., os sócios da Dux: Kevin Banach, Lucas Barhum e Marcelo Pacífico

“A propriedade intelectual é o nosso maior ativo”, diz ele. Com o tempo, o negócio foi ganhando tração e hoje a Dux está verticalizada: tem time de P&D, a fábrica em Jundiaí, equipe comercial com 150 vendedores espalhados pelo Brasil, logística própria para o B2B em 15 mil pontos de venda. “Cerca de 70% das vendas são B2B e 30% é direto para o consumidor”, afirma Barhum.

Atualmente, a companhia conta com 600 funcionários, mais de 250 SKUs e tem um exército de 1,7 mil influenciadores digitais promovendo suas marcas. São nomes como o jogador de futebol do Palmeiras, Raphael Veiga; o ex-jogador da seleção Zé Roberto; o surfista Lucas Chumbo; a influenciadora de corrida Manu Cit e até microinfluenciadores focados em quem fez uma operação bariátrica.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), o setor movimentou US$ 10 bilhões no ano passado. A disputa no mercado de suplementos é grande. E a Dux tem um concorrente que também tem se mexido nos últimos tempos. O Grupo Supley, dono das marcas Max Titanium e Probiótica, é um player de destaque no cenário nacional e, recentemente, concluiu a compra da marca de pastas Dr.Peanut.

Em recente entrevista ao NeoFeed, a CEO do Supley, Mariane Morelli, disse que o grupo já era bilionário. “Os números ainda não estão fechados, mas somos uma empresa de mais de R$ 1 bilhão”, disse a executiva na ocasião. Parece ser o número cabalístico das empresas nacionais do setor.

Para este ano, a Dux tem como meta alcançar um faturamento de R$ 1 bilhão. A julgar pelo crescimento da companhia, não é algo tão distante. “Nos últimos três anos, a Dux quintuplicou de tamanho”, diz Kong. “E deve triplicar nos próximos cinco anos.” À base, é claro, de muita proteína e creatina.