A SLC Agrícola anunciou na manhã de sexta-feira, 7 de março, a aquisição da Sierentz Agro Brasil, que atua na produção de soja e milho, além da criação de gado, por US$ 135 milhões - cerca de R$ 776 milhões. Do total, 60% (US$ 81 milhões) serão pagos na data do fechamento da aquisição, 20% (US$ 27 milhões) em 30 de abril de 2026 e outros 20% em 30 de abril de 2027. O controle da operação deve ocorrer a partir de 1º de julho.

A operação ocorre em áreas 100% arrendadas localizadas no Maranhão, Piauí e Pará, totalizando 96 mil hectares. “Parte dessas áreas têm aptidão para a realização de segunda safra, totalizando um potencial de em torno de 135 mil hectares plantados”, informa a companhia, em fato relevante divulgado ao mercado.

Com a compra, a empresa terá um aumento de 13% sobre a área plantada na safra 2024/2025. “Isso fortalece a estratégia de diversificação geográfica do portfólio de terras sob gestão, visando dirimir riscos climáticos”, afirma a SLC, no documento.

Atualmente, a SLC está presente em sete estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Bahia, Goiás e Minas Gerais. Agora, o Pará entra nessa conta.

Dessa forma, a empresa opera, indiretamente, em torno de 100 mil hectares de área plantada. O plano da SLC é de manter o plantio de soja e milho. A partir do terceiro ano de produção, o plantio de algodão será implementado.

“Essa nova ampliação ocorre bem no momento em que os preços das commodities agrícolas estão em patamares baixos. A gente está conseguindo crescer na hora certa”, disse Aurélio Pavinato, CEO da SLC, durante conferência com analistas no fim da manhã de sexta, 7.

Com o arrendamento, a SLC salta de 23 para 26 fazendas produtivas no Brasil. As três fazendas da Sierentz, que totalizam os 100 mil hectares, irão se somar ao total de 733 mil hectares de área plantada da companhia.

Para ter uma ideia do tamanho dessa aquisição, no ano passado a SLC aumentou em 60 mil hectares sua área. “Nossa estratégia é de consolidar esse crescimento, com foco em maximizar a eficiência”, afirmou o CEO.

Segundo Pavinato, hoje a SLC opera com quase dois terços de terreno arrendado e um terço de área própria. E, como a companhia pretende seguir arrendado áreas produtivas, a empresa não descarta a possibilidade de comprar algum ativo, em médio prazo, para manter esse share.

A aquisição da Sierentz amplia a exposição em áreas arrendadas, que passam a representar 66,5% da área física sob gestão da SLC (até então representava 62%). Segundo a empresa, os contratos de arrendamento possuem custo médio anual de 9,3 sacas de soja por hectare, com prazo médio de 13 anos.

O anúncio da aquisição ocorre um dia após o governo federal anunciar ações para frear a alta de alimentos no Brasil.  O vice-presidente e ministro do desenvolvimento econômico, Geraldo Alckmin, informou que serão zeradas as alíquotas de importação de itens como carnes, café, açúcar, azeite, biscoitos, massas e milho.

Para Alckmin, o fim da taxa cobrada pelo milho importado, que era de 7,2%, terá reflexo nos custos dos ovos e das proteínas de origem animal. Ainda que tenham impacto fiscal pequeno, as medidas devem ter reflexo no preço final dos itens comercializados no País.

No início de fevereiro, o governo federal liberou R$ 4,17 bilhões para atender ao Plano Safra 2024-2025, que estavam suspensos pelo fato de o Orçamento ainda não ter sido aprovado pelo Congresso. O pacote oferece juros mais baixos que o mercado para produtores rurais.

Segundo informou a SLC, caso a aquisição seja aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), será efetivada proposta da Terrus para aquisição de direitos de operação em 33 mil hectares das áreas adquiridas com a compra da Sierentz. O valor dessa transação é de R$ 191,2 milhões.

No terceiro trimestre de 2024, a SLC registrou receita líquida de R$ 1,63 bilhão, queda de 1% sobre o mesmo período do ano anterior. A redução foi impulsionada justamente pela baixa produtividade de culturas agrícolas.

No período, a SLC reportou prejuízo de R$ 17,28 milhões, revertendo lucro de R$ 167,2 milhões no terceiro trimestre de 2023. A dívida líquida cresceu 46,3% no trimestre e alcançou R$ 4,2 bilhões. Os resultados do quarto trimestre de 2024 e fechamento do ano serão divulgados no dia 12 de março.

No atual Plano Safra, a Sierentz cultivou 90 mil hectares de soja e cerca de 40 mil hectares de milho, sorgo e feijão safrinha (segunda plantação do ano, normalmente em fevereiro), resultando em uma produção total de 600 mil toneladas de grãos.

Em relatório, o Citi reforçou a estratégia da companhia de diversificar sua área geográfica e ampliar suas culturas produtivas, justamente em um momento de incertezas climáticas que vem afetando as produções em várias regiões do Brasil.

"Vemos a aquisição positiva e acima do guidance passado pela gestão da SLC de crescer cerca de 35 mil hectares em área plantada por ano. Embora o momento atual não seja tão positivo para o preço das commodities agrícolas, acreditamos que a SLC tem uma boa estratégia de alocação de capital, sendo mais ativa durante as crises do ciclo", escreveram os analistas do banco.

O mercado reagiu bem ao anúncio da SLC. Às 12h20, o papel da companhia acumulava alta de 2,41%, com preço unitário no valor de R$ 19,12. No início da pregão, chegou a valer R$ 19,29.

Nos últimos 12 meses, as ações da SLC na B3 registraram alta de 10,33%. O acumulado de 2025 é de crescimento de 1,77%. A companhia está avaliada em R$ 8,2 bilhões.

Reportagem atualizada às 12h40 de sexta-feira, 7 de março, com as informações da call com o CEO da SLC Agrícola