A VTEX, que desenvolve uma plataforma de comércio eletrônico, está recebendo um aporte de R$ 580 milhões (aproximadamente US$ 140 milhões) liderado pelo fundo japonês Softbank, pela Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e pela gestora Constellation Asset Management.

O Riverwood Capital, que investiu na VTEX em 2014, não está seguindo o aporte, mas permanecerá como acionista relevante. O controle seguirá nas mãos dos fundadores da companhia, Mariano Gomide e Geraldo Thomaz. Não foi revelado a valuation da empresa com o novo aporte.

“Precisávamos estar bem financiados para bater de frente com Oracle e SAP”, disse Gomide ao NeoFeed. “O brazilian storm que aconteceu no surfe tem cheiro de que vai acontecer também na tecnologia. Em vez de carne e frango, vamos exportar serviços digitais.”

Os recursos vão ser usados para o desenvolvimento de produtos, em especial relacionados à inteligência artificial, e na expansão internacional. Atualmente, a VTEX conta com 15 escritórios internacionais. Ela tem presença nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Espanha, Romênia e em todos os países da América Latina. “Hoje, 52% das nossas vendas são para fora do Brasil”, afirma Gomide.

O faturamento da VTEX foi de R$ 179 milhões em 2018. Nos últimos cinco anos, ela cresceu a taxas médias superiores a 40%. Neste ano, sua receita deve superar os R$ 250 milhões. Segundo Gomide, a companhia sempre foi lucrativa.

São 600 funcionários, dois terços deles atuando no Brasil. “Nos últimos 18 meses, contratamos 200 pessoas”, diz Gomide, numa referência ao crescimento acelerado da empresa.

Começo difícil

A VTEX foi fundada em 2000 com o nome de Vitrine Têxtil. Naquela época, o foco era o desenvolvimento de software para a indústria. O primeiro produto foi um programa de automação de força de vendas. As soluções para o varejo online foram uma evolução natural do portfólio. O mudança para VTEX aconteceu por volta de 2004.

Durante muito tempo, a VTEX sofreu para sobreviver. O salto só aconteceu, em meados dos anos 2000, quando a empresa ganhou a conta da varejista americana Walmart. Na época, a companhia fundada por Gomide e Thomas tinha apenas quatro clientes.

Em 2011, quando recebeu um aporte de US$ 7 milhões do fundo sul-africano Naspers, eram 232. Hoje, a VTEX conta com 2,5 mil clientes em 28 países. A lista inclui nomes como Boticário, Whirlpool, Electrolux, Sony, Walmart, L´Oréal, Coca-Cola, Nestlé e Motorola.

Hoje, a VTEX conta com 2,5 mil clientes em 28 países

De acordo com Gomide, o aporte do Naspers foi único que a empresa recebeu em toda a sua história até a entrada do Softbank, da Gávea e da Constellation. Quando o Riverwood Capital entrou, em 2014, o fundo americano comprou a fatia do Naspers e nenhum recurso foi aportado na operação da VTEX.

Mesmo assim, a VTEX conseguiu caixa para fazer aquisições. Foram nove desde a sua fundação, entre elas WX7 e XTech. Em 2019, a companhia fez sua primeira compra internacional, ao arrematar a UniteU, nos Estados Unidos.

Neste ano, ela incorporou a CiaShop, da desenvolvedora brasileira Totvs, com quem fez uma joint venture. Pelo acordo, a empresa fundada pelo empreendedor Laércio Cosentino passará a vender a plataforma da VTEX aos seus clientes. Duas novas aquisições devem ser anunciadas até o fim do ano, diz Gomide.

Recursos

Apesar de conseguir crescer sem recursos abundantes de fundos de venture capital por quase 19 anos, a VTEX começou a procurar investidores há cerca de um ano.

A ideia, segundo Gomide, era buscar recursos para acelerar o seu crescimento. A companhia começou a se expandir internacionalmente a partir de 2015. “Deu muito certo e entendemos que tínhamos espaço para fazer coisas maiores”, afirma o fundador da VTEX.

Na visão do empreendedor, os três novos sócios se complementam. De acordo com ele, a Gávea e a Constellation ajudarão a VTEX em questões relacionadas a compliance e governança corporativa. O Softbank, por sua vez, pode alavancar a operação globalmente.

Esse é o 10º investimento do Softbank no Brasil desde que anunciou, em maio, seu fundo de US$ 5 bilhões para a América Latina.

A empresa do bilionário japonês Masayoshi Son já investiu na Loggi, Gympass, MadeiraMadeira, Olist, Volanty, Creditas, Banco Inter, Buser e QuintoAndar. O maior investimento na região, no entanto, foi de US$ 1 bilhão na colombiana Rappi.

Globalmente, no entanto, o Softbank está sob forte pressão por conta de seu investimento na empresa de escritórios compartilhados WeWork, que tentou abrir o capital e fracassou.

O Softbank, que avaliou a companhia em US$ 47 bilhões, teve de fazer um novo aporte para evitar a falência do WeWork. O valor, com o novo investimento, despencou para US$ 8 bilhões.

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