A Tabas quer mostrar que existe vida para as proptechs para além de unicórnios como Loft e QuintoAndar. A startup que trabalha com um modelo no qual aluga, reforma, mobília e depois subloca apartamentos já dobrou de tamanho e prevê crescer mais três vezes até o fim do ano que vem. Para isso, levantou R$ 32 milhões em uma operação de dívida.
Estruturada através de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), a transação foi feita em duas fases. Na primeira, em julho, a startup levantou R$ 20 milhões num acordo em que os detalhes são mantidos em sigilo. Em setembro, buscou mais de R$ 12 milhões, agora com a RBR Asset Management. Conforme apurado pelo NeoFeed, esta última operação tem taxa estimada em 1,85% ao mês e prazo de 12 meses.
Esta não é a primeira vez que a startup faz uma operação de dívida. Na injeção de capital anunciada em janeiro, uma fatia de US$ 7,3 milhões veio através de venture debt. O restante, US$ 6,6 milhões, foram investidos numa rodada de equity liderada pela PropTech Blueground, empresa que atua com aluguéis flexíveis de imóveis nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.
“O nosso modelo exige um investimento em reforma e mobília para operacionalizar o apartamento. Para não gastarmos equity com isso, criamos esta operação financeira que usa dinheiro de dívida”, diz Leonardo Morgatto, cofundador e CEO da Tabas, em entrevista ao NeoFeed. “O próprio apartamento consegue pagar este financiamento do investimento.”
A nova captação por dívida será utilizada para que a startup fundada em 2020 por Morgatto, que é brasileiro, e pelo italiano Simone Surdi amplie o número de apartamentos que aluga dos proprietários. Atualmente são 900 imóveis. A meta é terminar o ano com 1,2 mil contratos de locação assinados. Para 2023, o objetivo é mais ousado: 3 mil imóveis sob gestão.
Prontos para morar, os apartamentos permitem a locação por períodos de permanência mínima de um mês – em vez dos 30 meses em contratos convencionais. Segundo a Tabas, o tempo médio de permanência em cada imóvel é de 6 meses e o preço médio, que inclui todas as contas, como condomínio, IPTU e até eletricidade e internet, varia entre R$ 5 mil e R$ 35 mil por mês de acordo com o imóvel.
Por ora, o negócio está presente somente em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, onde 94% dos imóveis estão sublocados. A expectativa é desembarcar em outras praças no ano que vem, mas não apenas no Brasil. A previsão é iniciar uma operação na Cidade do México ainda em 2023.
A escolha leva em conta o tempo necessário para que a operação se consolide em um novo país. “Hoje, a gente está bem posicionado no Brasil, mas isso demorou mais de dois anos para ser feito”, diz Morgatto. “O mercado de real estate é muito local e exige uma curva de aprendizagem. Se atrasarmos a ida para o México, vamos levar mais tempo para estarmos preparados.”
Sobre chegar em outras cidades brasileiras, Morgatto diz que não há pressa. “A empresa tem que estar balanceada em relação a tração de clientela no mercado pra não investir em nível desproporcional”, diz o executivo. “Se não fizermos a lição de casa, vamos queimar muito caixa em um momento em que o capital não está com fácil acesso.”
Em outra estratégia para ajudar no crescimento, a Tabas está firmando uma aposta nas receitas obtidas com B2B. Nos últimos meses, a companhia passou a rentabilizar ativos residenciais para incorporadoras e fundos imobiliários. Segundo Morgatto, a Tabas já faz a administração de dois prédios que somam mais de 200 apartamentos.
A nova frente de negócios deve representar uma fatia próxima de 15% da receita estimada de R$ 10 milhões da startup até o fim deste ano. A tendência é de que esta divisão fique meio a meio nos próximos anos. “A gente entende que o tíquete médio com proprietários institucionais vai ser menor, mas o número de propriedades será maior", diz Morgatto, que afirma ainda esperar que a receita aumente para R$ 25 milhões em 2023.