O lucro líquido ajustado da Gerdau pode até ter caído 48% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 1,2 bilhão. Mas a equipe de research do BTG Pactual viu uma série de sinais positivos no balanço, a ponto de declarar que “chegou o momento” de investir na companhia.

Com base nos resultados e na percepção de que as operações no Brasil atingiram o vale, os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner decidiram elevar a recomendação para as ações preferenciais da Gerdau de neutro para compra. Eles também revisaram para cima o preço-alvo dos papéis, de R$ 22,50 para R$ 25, um upside de 34,2% em relação ao preço apurado no pregão de quinta-feira, 2 de maio.

“A Gerdau entregou um Ebitda 10% acima do esperado no trimestre, mas, ainda mais importante, começam a surgir os primeiros indícios de que a situação na unidade brasileira atingiu o fundo”, diz trecho do relatório.

O otimismo em relação ao Brasil vem de duas frentes. A primeira, os esforços da Gerdau de controlar custos, enquanto o mercado viu um aumento das importações de aço, vindo principalmente da China, que vive um momento econômico complexo, mas cuja produção industrial segue em alta, puxando o preço do minério de ferro.

A expectativa é de que esse controle de custos comece a ter efeitos sobre a rentabilidade nos próximos trimestres, em conjunto com a decisão do governo federal de elevar para 25% o imposto sobre importação de 11 tipos de produtos de aço, anunciado no final de abril.

“Com as margens Ebitda expandindo para 9,2% no primeiro trimestre, de 8,5% no quarto trimestre, acreditamos que os esforços para cortar custos e o aumento gradual dos preços (os prêmios sobre o vergalhão estão em níveis muito baixos, em 1%) abrem caminho para uma fase de ‘normalização’ nos próximos trimestres”, diz trecho do relatório.

Para os analistas, diante desta situação, não há motivo para a Gerdau não registrar uma margem Ebitda entre 15% a 20%.

A situação das operações no Brasil sempre foi um fator que impedia os analistas do BTG Pactual de terem uma avaliação mais otimista em relação à Gerdau. Eles tinham uma visão positiva em relação à empresa por conta das operações nos Estados Unidos.

Em outro relatório, divulgado em 18 de abril, os analistas do BTG afirmaram que os investidores negligenciam os benefícios da diversificação geográfica da companhia, especialmente sua exposição aos Estados Unidos. E que isso tem resultado em um “gap injustificável no valuation” da Gerdau.

Os analistas voltaram a destacar esse ponto, afirmando que as operações na América do Norte respondem por quase 60% do Ebitda consolidado. Para eles, a situação da Gerdau é confortável na região, considerando que o mercado americano possui uma tarifa de 25% sobre produtos importados e está sendo estimulado por pacotes aprovados pelo presidente Joe Biden, que visam aumentar os investimentos em infraestrutura e chips.

“Vemos downside muito limitado para as ações nos níveis atuais e esperamos que os resultados permaneçam positivos indo adiante”, diz trecho do relatório. “Vemos a ação sendo negociada a 3,9 vezes o Ebitda, com a rentabilidade do fluxo de caixa entre 10% e 11%.”

Além da queda de 48% do lucro líquido ajustado, a Gerdau registrou no primeiro trimestre uma receita líquida de R$ 16,2 bilhões, recuo de 14,1% em base anual, com o Ebitda ajustado caindo 35%, para R$ 2,8 bilhões. A margem Ebitda diminuiu 5,5 pontos percentuais, para 17,4%.

A dívida bruta recuou 10% ante o primeiro trimestre de 2023, para R$ 11 bilhões, e a alavancagem financeira passou de 0,31 vez para 0,40 vez.

Por volta de 11h, as ações preferenciais da Gerdau (GGBR4) subiam 4,89%, R$ 19,55. No ano, elas estão praticamente estáveis, levando o valor de mercado a R$ 37,6 bilhões.