O Softbank está em fase final para aprovar o Latin America Fund II, que terá US$ 5 bilhões para seguir investindo em startups na América Latina.
E em uma nova estratégia, que tem o potencial de provocar o mesmo impacto de quando anunciou sua chegada à região, o Softbank reservará uma fatia entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões para investir em startups em estágio inicial em toda a América Latina, apurou o NeoFeed com fontes que conhecem o plano.
O fundo está montando uma equipe para se dedicar exclusivamente às empresas early stages. Dois nomes já foram definidos. Um deles é o de Rodrigo Baer, ex-Redpoint eventures. O outro é o de Marco Camhaji, ex-diretor de desenvolvimento de negócios da Amazon no Brasil, onde atuou estabelecendo parcerias com fintechs. A equipe do Softbank contará ainda com mais dois nomes.
Esse novo time se reportará a Marcelo Claure, o diretor-executivo do Softbank Latin America e COO do Softbank Group, um dos braços direitos do japonês Masayoshi Son, o fundador do fundo.
O objetivo do Softbank, com essa nova estratégia, é conseguir identificar as empresas em seus estágios iniciais, participando de rodadas seed money até série A. Nessa fase, o risco do investimento é mais alto. Mas, caso acerte o alvo, o retorno é também muito maior.
O Softbank já tinha uma estratégia para conseguir identificar essas startups. Do primeiro fundo de US$ 5 bilhões, cerca de 10% foram destinados para gestores que investem em empresas early stages. Entre os que receberam o dinheiro, estão Kaszek, Valor Capital, Igah Ventures, Atlantico e Volpe Capital.
Embora já tenha afirmado que a intenção nunca tenha sido gerar negócios, a posição nesses fundos permite ao Softbank, como limited partner, ter acesso aos números de diversas startups e saber quais delas estão mais prontas para receber um cheque maior. É o que fará agora diretamente, sem intermediários.
O valor do cheque e o número de startups nos quais o Softbank pretende investir não estão ainda definidos. De acordo com dados do Distrito, o investimento médio em uma rodada seed no Brasil foi de US$ 1,25 milhão até agora em 2021. No caso de séries A, o valor médio é de US$ 8,9 milhões.
Mas, em se tratando de Softbank, que tem um bolso fundo, essas convenções não devem ser seguidas. Em parte, isso deve acontecer pela agressividade do fundo japonês, mas também porque o mercado de venture capital aquecido tem feito os valores crescerem.
Um exemplo recente foi o aporte da fintech de pagamentos TruePay, que, com apenas dois meses de vida, anunciou um seed money de US$ 8,7 milhões, liderado por Kaszek e Monashees, nesta quarta-feira, 1 de setembro, um valor quase oito vezes superior à média dos investimentos nessa faixa.
A entrada do Softbank em startups em estágios iniciais na América Latina não será a única novidade com o novo fundo. Mostrando o seu apetite por estar em todas as oportunidades disponíveis de investimentos na região, a gestora deve investir em empresas analógicas.
O executivo Nicola Calicchio, um veterano da consultoria McKinsey, será o responsável por fazer a conexão com a velha economia, encontrando empresas que se beneficiariam da transformação digital para investir. Ele atua desde julho no Softbank e responde também a Claure.
Os investimentos do Softbank na América Latina estão avaliados em US$ 6,9 bilhões
Na área de growth equity, Paulo Passoni e Shu Nyatta seguirão na busca por startups em estágios mais avançados e de alto crescimento, o que mais o Softbank fez desde que desembarcou na América Latina, com seu primeiro fundo de US$ 5 bilhões, em 2019.
Desde que começou a investir na América Latina, o Softbank já fez aportes que totalizaram US$ 3,5 bilhões. Esses investimentos estão avaliados em US$ 6,9 bilhões, quase o dobro do que foi aportado até agora, de acordo com dados do segundo trimestre de 2021, divulgados no começo de agosto.
No total, o Softbank já fez aportes em 48 startups, sendo que 44 deles foram divulgados. Até agora, ajudou a criar 11 unicórnios, como Rappi, QuintoAndar, Creditas, Loggi, unico, Mercado Bitcoin (2TM) e Kavak. O fundo tem também investimentos em companhias abertas, a exemplo de Banco Inter, Afya, VTEX e Dotz.
No começo de agosto deste ano, o Softbank fez três investimentos em um único dia em Avenue, Omie e unico que somaram mais de R$ 1,3 bilhão. Os valores astronômicos não vão desaparecer. Ao contrário: com o novo fundo, o apetite vai ser dobrado.
Mas, com a nova tese, o Softbank está "encolhendo" o seu cheque. O objetivo? Criar o maior bercário de unicórnios da América Latina. No fim, a intenção é não deixar passar nenhuma oportunidade: do seed money ao IPO.