A KPTL está ampliando sua aposta em inteligência artificial com um novo aporte. A gestora de venture capital está realizando uma injeção de R$ 2,5 milhões na operação da Suri, startup antes conhecida como Chatbot Maker e que é especializada na criação de atendentes virtuais para PMEs.

A nova injeção de capital, antecipada com exclusividade ao NeoFeed, é um follow on do aporte de R$ 1,5 milhão na operação que a KPTL havia feito em julho do ano passado. “Fizemos um primeiro aporte e eles bateram a meta estipulada. O novo investimento faz parte da nossa estratégia para o fundo”, afirma Danilo Zelinski, um dos diretores da KPTL.

O dinheiro em questão vem do fundo Criatec 3, que tem entre seus cotistas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e é gerido pela KPTL. O veículo já teve recursos aplicados em rodadas early stage de 36 empresas no Brasil. Entre elas, startups como a fintech Blu365, a agrotech Cowmed e a retailtech Neomode.

Fundada em 2020 e com sede em Fortaleza, a Suri opera com um serviço que permite que pequenas e médias empresas tenham acesso mais rápido a bots usados no atendimento a clientes que entram em contato com suas operações por meio de redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.

Para gerar receita, a startup opera em um modelo software as a service e cobra uma mensalidade de cada empresa que utiliza o atendimento virtual em suas plataformas. O valor é de R$ 290 por mês, mas existem cifras adicionais cobradas de acordo com o volume de atendimentos realizados pelas PMEs.

A nova captação será usada para ampliar o modelo de negócios da startup e ir além do SAC. A ideia é usar a tecnologia como um canal de vendas. “A inteligência artificial pode fazer uma venda 100% automatizada”, afirma, em entrevista ao NeoFeed, Thiago Amarante, CEO e cofundador da Suri. Ele ressalta a ambição da startup em se consolidar como a "Alexa das PMEs.”

De acordo com a consultoria britânica Juniper Research, as vendas feitas por conversational commerce – como é também conhecido esse expediente conceito – movimentaram US$ 41 bilhões globalmente em 2021. A previsão é de que essa cifra escale para US$ 290 bilhões até 2025, sendo que a metade deste valor deve vir justamente dos chatbots.

Na prática, boa parte dos recursos será utilizada pela Suri com investimentos em tecnologia para avançar na solução de transformar os bots em vendedores. Uma outra parcela do dinheiro será dedicada à contratação de funcionários. A preivisão é ampliar o quadro atual de 40 profissionais para 55 até o fim do ano.

Atualmente, a Suri tem 550 clientes e seus bots foram responsáveis por 16 milhões de atendimentos no trimestre passado. Além de PMEs, essa base inclui empresas de maior porte, como a Unimed e a rede de farmácias Pague Menos.  A meta é ultrapassar a marca de mil clientes ainda nesse ano e ter 3 mil companhias usando os serviços até o fim de 2023.

Ao focar em PMEs e apostar agora numa nova fonte de receita, a ideia da Suri é tentar se diferenciar de concorrentes que também desenvolvem chatbots para empresas. Entre essas companhias estão a Huggy e a Take Blip. A primeira atende empresas como Positivo, Vivo e Bayer. A segunda tem na carteira companhias como Coca-Cola, Itaú, Casas BahiaKroton.

Marlos Távora e Thiago Amarante, cofundadores da Suri

Quando a solução de vendas, ainda em fase de testes, estiver em operação, Amarante estima que 70% das companhias contratantes da Suri farão uso do serviço. “É uma demanda dos clientes”, afirma. A Suri não vai cobrar uma taxa adicional pelo recurso, mas ficará com um percentual das vendas realizadas pelos bots.

Entre outros planos, a startup cogita realizar uma nova captação de recursos, mas somente no ano que vem. O que também não está descartado é a expansão geográfica para conquistar clientes em outras fronteiras.  "A partir de 2023, vamos começar a olhar para fora do País", afirma Amarante, que não revela, porém, por onde a startup planeja iniciar essa incursão internacional.