Quando Wolff Klabin, da tradicional família Klabin, e Patrick Arippol, que vinha do fundo DGF, se juntaram na segunda metade de 2019 para criar um novo fundo de venture capital, o cenário era cristalino. A captação estipulada em US$ 100 milhões era factível e o timing para isso também.

Mas, no começo do ano, com a pandemia, o cenário mudou e o horizonte ficou turvo. Mesmo assim, os dois seguiram adiante, o Alexia Ventures começou a captar em janeiro e viu a situação esquentar em abril, no calor dos lockdowns e incertezas econômicas. “Já captamos mais da metade do fundo”, diz Arippol ao NeoFeed.

E o primeiro investimento acaba de ser revelado com exclusividade ao NeoFeed. O Alexia entrou na rodada série A para os padrões brasileiros da empresa americana FounderNest, uma plataforma que, por meio de inteligência artificial, conecta empreendedores e investidores. Trata-se de uma startup com a missão de mexer com o mercado de venture capital.

O valor do aporte não foi revelado, mas o Alexia entrou junto com fundos que investiram em empresas como Paypal, Palantir, Square e Waze. Criada e incubada nas universidades de Stanford e Wharton pelos irmãos Felix e Miguel Gonzalez Herranz, a FounderNest tem um modelo de negócios, ainda em fase incipiente, que vai variar de uma assinatura até participação nos deals.

“Construímos um conjunto de algoritmos de inteligência artificial que ajuda investidores a descobrirem novas oportunidades de investimento, mesmo antes dos fundadores de startups começarem a pensar em captar recursos”, disse Felix Gonzalez, um dos fundadores da plataforma, no comunicado oficial.

O investimento da Alexia, feito há pouco mais de 10 dias, é o quarto já realizado. Desde a sua criação, em poucos meses, o fundo aportou dinheiro em uma startup de inteligência artificial para o agronegócio, uma startup de educação corporativa e outra de inteligência artificial para o setor de saúde. Mas seus fundadores ainda não revelam os nomes das startups.

De acordo com Wolff Klabin, até o fim do ano, o Alexia deverá fazer mais dois investimentos. O fundo, que prioriza negócios que envolvam dados, software e inteligência artificial, fará cheques que vão desde a fase seed, com valores de US$ 200 mil, até a série A, com US$ 5 milhões. “O foco são empresas que atuem na América Latina”, diz Arippol.

A dupla que comanda o Alexia VC prevê mais cheques nos próximos quatro anos e a ideia é capturar os resultados até 2030. “O Patrick Arippol e o Wolff Klabin formaram a dupla perfeita”, diz o gestor de um fundo de venture capital brasileiro. “O Arippol é o cara que é mais técnico e o Wolff é o cara que tem mais acesso a capital e conexões”, diz ele.

A história dos dois remonta aos anos 1990, quando se conheceram na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Depois disso, cada um trilhou uma carreira e, em 1999, no auge dos projetos da internet se juntaram para criar uma startup chamada planetavida.com, focada no mercado de saúde.

Em 2002, ambos venderam a empresa e cada um seguiu seu caminho. Arippol foi para Stanford e, por quase uma década, permaneceu no Vale do Silício respirando o ar da inovação e o ambiente de venture capital. Chegou até a criar um fundo por lá, o Delphis Capital.

O executivo voltou ao Brasil em 2010 e liderou a criação de dois fundos com a DGF Investimentos, que aportou em startups como Resultados Digitais, Rocket.Chat e é uma referência em Software as a Service (SaaS).

Já Wolff Klabin acabou se dedicando aos negócios da família, ao family office 4K Investimentos e a iniciativas na área social. Ele foi um dos líderes do Movimento União Rio, que uniu empresários na doação de R$ 76 milhões até o momento em leitos hospitalares, cestas básicas e materiais como máscaras cirúrgicas.

Além disso, criou a Prep Estudar Fora, que fornece mentoria para jovens que pretendem estudar fora do Brasil. Hoje parte da Fundação Estudar, de Jorge Paulo Lemann, a Prep ajudou jovens como Henrique Dubugras, da fintech Brex, e João Vogel, da Cuidas. Klabin também é cofundador do RenovaBR, que ajuda a preparar uma nova geração de políticos.

Em julho do ano passado, os dois resolveram reviver a parceria de 1999. “Me senti com 20 anos novamente”, diz Klabin, sobre a sensação de empreender. Juntos, conseguiram trazer investidores como family offices, empreendedores e fundos de corporate venture.

O Alexia pretende investir em startups que possam ganhar tração não apenas no Brasil, mas globalmente. O fundo conta com alguns embaixadores como André Street, fundador da Stone; Geraldo Thomaz, da VTEX; Marcelo Sampaio, da Hashdex, entre outros nomes de peso.

Sampaio, por exemplo, ajuda a analisar startups na área de criptomoedas e também é investidor do Alexia. "Invisto com eles porque gosto muito da cabeça do fundo, conheço o Patrick e o Wolff há muitos anos e confio muito no trabalho deles", diz o fundador da Hashdex ao NeoFeed. "Eles se cercaram de boas pessoas para tocar os deals e gerar valor para os negócios."

O Alexia tem um time de venture partners com profissionais como Carlos Kokron, que trabalha no setor de venture capital desde os anos 1990 e foi conselheiro de startups como 99 e Loggi; e advisors como Eric Santos, um dos fundadores da Resultados Digitais. “O Eric é um cara que sabe escalar um negócio”, diz Arippol.

Tanto Arippol como Klabin fazem questão de ressaltar as qualidades do time para frisar que “conseguem agregar valor para as startups investidas com a rede formada pelo Alexia”. E Arippol complementa. “Os founders têm de ver mais quem são as pessoas que fazem parte de um venture capital do que as placas deles”, afirma.

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