A Oakberry, rede de franquias que vende açaí, levantou um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) de R$ 50 milhões, ancorado pelo JGP, a gestora de André Jakurski.

Os recursos serão usados para a compra de polpa de açaí de ribeirinhos e cooperativas que coletam a fruta na mata nativa no Pará. A oferta foi coordenada pelo Bradesco, tem carência de 1,5 ano e vencimento em cinco anos. A taxa que a Oakberry pagará será CDI mais 2,3% ao ano.

“A cadeia do açaí existe a partir de uma fruta nativa na Amazônia e o sourcing é feito em mata nativa”, diz Georgios Frangulis, CEO da Oakberry, ao NeoFeed. “É por esse motivo que estamos fazendo uma CRA com guidelines ESG.”

Para garantir esses critérios, a Oakberry contratou a certificadora Resultante, que faz o assessment das cooperativas nas quais a empresa irá comprar a polpa. São usados critérios que vão desde o desmatamento até se os ribeirinhos matriculam os filhos em escola.

Atualmente, a JGP tem se posicionado como uma gestora que leva a sério os critérios ESG. Em carta divulgada em agosto do ano passado, escreveu que o tema é coisa séria e não moda. No texto, assinado por Marcio Correia, o sócio responsável por ações na gestora, a JGP alerta que as mudanças climáticas causadas pelo homem vão agravar ainda mais a crise ambiental se nada for feito agora.

A captação do CRA acontece depois de a Oakberry concluir um aporte de R$ 84 milhões para investir em sua verticalização e produzir seu próprio açaí, em dezembro do ano passado. Com os recursos, a empresa comprou uma fábrica no Pará, que terá capacidade para suprir a demanda da companhia até o fim de 2023. Outra está perto de ser anunciada e será localizada no Centro-Oeste.

Parte dos recursos da captação, no entanto, seria usada para a compra de polpa de açaí de ribeirinhos e cooperativas. Mas a Oakberry decidiu usar o dinheiro para adquirir franquias fora do Brasil. Por esse motivo, precisou de capital para a aquisição da matéria-prima. A solução foi estruturar um CRA, uma forma de conseguir recursos sem a necessidade de se diluir.

Os sócios da Oakberry (da esq. à dir.): Gustavo Janer, CFO; Renato Haidar, CMO; e Georgios Frangulis, CEO da Oakberry

Neste ano, a Oakberry deve movimentar R$ 500 milhões em vendas através de suas lojas. Esse número deve ficar entre R$ 850 milhões e R$ 900 milhões em 2023. Atualmente, conta com 400 lojas no Brasil e 200 no exterior, onde atua em 30 países – a meta é chegar a 40 até o fim deste ano.

E os resultados internacionais surpreenderam a Oakberry. "Hoje, 70% da receita da Oakberry é de fora do Brasil", diz Gustavo Janer, CFO da empresa. Além disso, o faturamento das lojas está também superando as expectativas. A meta era que elas movimentassem US$ 25 mil por unidade por mês. Mas elas já atingiram o patamar de US$ 40 mil, bem antes do previsto.

Essa é uma das razões da compra de franquias, bem como para acelerar os investimentos internacionais. A estimativa é abrir 250 lojas em 2023, ritmo maior do que no Brasil – por aqui a estimativa é inaugurar entre 100 e 150 lojas.

Os principais mercados internacionais são Austrália, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita – são os países em que a Oakberry estuda a recompra de franquias. Até o fim deste ano, a empresa deve chegar a França, Estônia e Canadá.