A visão dos analistas a respeito da CBA vem mostrando sinais de melhora. Dez dias após o Itaú BBA voltar a recomendar compra para as ações da produtora de alumínio, o BTG Pactual seguiu pelo mesmo caminho, justificando a medida pelos ajustes feitos nas finanças e nas boas perspectivas operacionais.

Junto com a elevação da recomendação de neutro para compra, os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi revisaram para cima o preço-alvo das ações, de R$ 6,50 para R$ 8,00. O valor representa uma valorização de 67%.

A notícia está fazendo bem para as ações da CBA, que é controlada pelo Grupo Votorantim. Por volta das 12h14, os papéis subiam 6,22%, a R$ 4,95. No ano, os ativos acumulam alta de 9,51%, levando o valor de mercado a R$ 3,2 bilhões.

O principal ponto que motivou a decisão do BTG Pactual foi a melhora do perfil financeiro da CBA, sobretudo a alavancagem financeira da companhia. Quando rebaixaram a recomendação para neutro, no final de 2023, a companhia registrava uma relação entre dívida líquida e Ebitda perto de 10 vezes.

Atualmente, a CBA apresenta uma alavancagem financeira de 2,8 vezes e caminha para fechar o ano em 2 vezes. “Vemos espaço para mais rebalanceamento do EV (com o menor endividamento e maior valor de equity) e acreditamos que o mercado não está dando ao preço das ações o crédito devido por esta melhora do balanço financeiro”, diz trecho do relatório.

A CBA também vive um momento melhor do que em 2023, segundo o BTG Pactual. Na ocasião, a companhia viu uma forte queda no preço do alumínio, que ficou ao redor de US$ 2,2 mil por tonelada, resultando em aumento de custos, além de instabilidade operacional por conta de problemas no fornecimento de coque para suas fundições.

Com a estabilização da operação, a perspectiva de aumento do preço do alumínio apoiada na limitação da produção na China e na demanda relacionada à transição energética (com especialistas falando em uma cotação perto de US$ 3,5 mil por tonelada) e o processo de administração de passivos, os analistas do BTG Pactual projetam uma melhora na taxa de retorno sobre o fluxo de caixa (FCF yield, em inglês).

“Embora seja uma história de cap baixo e ilíquida, vemos agora a CBA com o maior FCF yield em nossa cobertura, de 14%, enquanto a maioria das empresas da nossa cobertura registra [FCF yield] perto de 10%, ou menor”, diz trecho do relatório.

A questão do preço do alumínio foi central na decisão do Itaú BBA de elevar a recomendação das ações da CBA para compra e o preço-alvo de R$ 6,50 para R$ 7,00, revertendo o rebaixamento para neutro feito em fevereiro.

Para este ano, os analistas Edgard Pinto de Souza, Daniel Sasson, Marcelo Palhares e Bárbara Soares projetam que o preço médio do alumínio deve alcançar US$ 2.625 por tonelada neste ano e US$ 2,7 mil em 2026.

Este cenário, combinado com uma melhora na frente de custos, resultou numa revisão positiva de 11% da projeção para o Ebitda em 2025, para R$ 1,6 bilhão, num momento em que a CBA apresenta um valuation atrativo.

“Vemos um upside de cerca de 35% com base no DCF [fluxo de caixa descontado] e a ação sendo negociada a um EV/Ebitda em 2025 de 4,5 vezes, abaixo da faixa de 5,5 vezes e 6,0 vezes que consideramos justa. Nós também projetamos uma geração de FCF robusta, de 13%, em 2025”, diz trecho do relatório.