As montadoras Tesla e BMW entraram com ações judiciais contra a União Europeia (UE), motivadas pelo aumento das taxas de importações de veículos elétricos fabricados na China, que podem atingir até 45% do valor dos veículos.

Na prática, as novas taxas, aprovadas em outubro de 2024 pelo bloco econômico, variam de 7,8% a 35,3%, dependendo da montadora, e se somam ao imposto padrão de 10% já praticado pela UE para todos os carros importados na região.

No caso da Tesla, esse índice chega a um total de 17,8%, enquanto na BMW o patamar é de 20,7%. Montadoras chinesas são ainda mais impactadas, com o maior valor de imposto sendo direcionado à SAIC Motor, dona da marca MG, com tarifas que ficam na casa dos 45%.

Na visão da BMW, as tarifas estão prejudicando fabricantes globais, limitando a oferta de carros elétricos aos consumidores europeus e atrasando a descarbonização do setor de transportes, de acordo com o comunicado enviado pela empresa ao mercado.

Para a montadora alemã, a melhor solução seria realizar uma negociação individualizada para evitar um conflito comercial prejudicial para ambas as partes.

Na época do anúncio das novas taxas, a Volkswagen observou que os “efeitos negativos” das tarifas superariam os benefícios para a indústria automotiva europeia e, especialmente, a alemã, o que tem se provado ao longo dos últimos meses.

O caso da Tesla é um pouco mais preocupante. Além das taxas de importação, Elon Musk enfrenta tensões crescentes com a UE, alimentadas por sua aproximação com partidos de direita, como no caso da Alemanha, além de críticas sobre a moderação de conteúdo na plataforma X (ex-Twitter), da qual é dono. Essas movimentações podem pesar na hora da disputa judicial.

Até o momento, a maior prejudicada com as taxas foi efetivamente a SAIC Motor, que viu suas vendas caírem 58% apenas em novembro do ano passado. Anteriormente, a montadora era líder entre as chinesas na Europa.

Com os processos da BMW e Tesla em mãos, a União Europeia afirmou que está preparada para defender sua decisão judicialmente. Nesse meio tempo, as negociações sobre um possível acordo com a China, que poderia substituir as tarifas, ainda não avançaram significativamente.

Apesar dos dados negativos, o mercado doméstico chinês continua bastante aquecido, com a expectativa de que a venda de carros elétricos ultrapasse a dos veículos tradicionais neste ano. O país espera vender 20% a mais de carros elétricos no período, superando mais de 12 milhões de unidades.

Nos Estados Unidos e na Europa, por sua vez, a venda desses veículos, fabricados ou não na China, estão cada vez mais baixas.