A era dos grandes fundos para financiar startups pode ter chegado ao fim, após a abundância de capital que abasteceu os veículos de venture capital (VC), principalmente em 2021. Agora as gestoras de VC estão encontrando dificuldade para abastecer seus novos veículos de investimentos em meio a queda de investimentos.

Nos três primeiros meses de 2024, as gestoras de VCs levantaram US$ 30,4 bilhões globalmente, de acordo com o PitchBook, que compila esses dados. Esse resultado é inferior ao levantando no mesmo período em 2023, que foi o pior ano em fundraising desde 2016.

Segundo o PitchBook, os investidores por trás dos fundos de VC estão perdendo o apetite por esse tipo de investimento devido às atuais condições do mercado. Isso deve culminar em um cenário bem diferente de 2021, quando as empresas de capital de risco movimentaram mais de US$ 747 bilhões.

O valor recorde registrado naquele ano deve-se justamente à quantidade de capital que estava em poder das gestoras de venture capital, que criaram fundos de até US$ 10 bilhões para alocarem em startups.

Nos últimos meses gestoras como Tiger Global, Coatue e Insight Partners parecem ter abraçado a nova realidade do mercado e reduziram as metas de captação de recursos para seus novos veículos de investimento, conforme reporta o Financial Times (FT).

O maior exemplo fica com a Tiger Global. O 16º fundo de investimento da gestora que já investiu em empresas como Robinhood, Coinbase e Nubank, tem apenas US$ 2,2 bilhões captados junto aos limited partners (LPs) da gestora. Para efeito de comparação: o fundo anterior, lançado em 2021, era de US$ 12,7 bilhões.

Outras gestoras reavaliaram suas estratégias em uma tentativa de convencer os LPs a alocarem capital em seus fundos. A Andreessen Horowitz, por sua vez, está próxima de concluir a captação de US$ 7 bilhões para seu novo veículo. O dinheiro será mais dedicado para early stage do que para growth.

Para tentar convencer os investidores, as gestoras estão se apoiando no argumento de que há um boom de inteligência artificial no mercado. “Cada empresa de capital de risco está buscando o próximo unicórnio de IA”, disse Venky Ganesan, sócio da Menlo Ventures, ao FT.

O que joga a favor das gestoras é que ainda há bilhões em dry powder – dinheiro que ainda não foi investido e que está comprometido aos fundos de venture capital. Segundo o PitchBook, os VCs dos Estados Unidos iniciaram o ano com mais de US$ 311 bilhões em dry powder.