O empreendedor Rapha Avellar está com a agenda movimentada. Nos próximos dias, ele viajará para Nova York para se reunir com Alex Szapiro, executivo que foi country manager da Amazon e agora está no comando da operação do SoftBank no Brasil, para um debate sobre creators economy realizado pelo Bank of America.

Na bagagem, Avellar tem uma história de sucesso para contar: a conclusão de uma uma rodada seed de R$ 10 milhões (US$ 2 milhões) para a BrandLovrs, sua startup que faz a ponte entre microinfluenciadores e que nasceu como uma spin-off da Adventures – a outra empresa de Avellar e que é foca na criação de marcas nativas digitais (DNVBs).

A captação, revelada com exclusividade ao NeoFeed, foi liderada pela Canary e contou com a participação de gestoras como The Ventures City, Endeavor e 4Equity. Além dessas empresas, artistas que já se aventuraram no mundo dos negócios também integram a lista de investidores. Entre eles está o cantor americano will.i.am, do Black Eyed Peas, e o colombiano J Balvin, uma das sensações da música pop latina.

Apesar de ter sido concluído agora, o aporte na BrandLovrs foi selado no fim de fevereiro. As conversas já vinham acontecendo pelo menos desde dezembro, conforme antecipado pelo NeoFeed.

O novo investimento ocorre poucos meses após o negócio sair do papel com uma injeção de capital inicial de US$ 1 milhão feita por nomes como Luciano Huck, Marc Lemann, Adam Bain (ex-COO do Twitter), além da gestora de investimentos Provence Capital e a empresa de comércio eletrônico Mercado Livre.

“Ao contrário de outras empresas que ajudam a conectar os creators, operamos como uma empresa de tecnologia pura”, diz Avellar, CEO e cofundador da BrandLovrs ao lado dos sócios Ricardo Dias (que também cofundou a Adventures), Rômulo Galvão e Rafael Marino. “O dinheiro será usado para investir em tecnologia.”

Na prática, Avellar diz que isso deve significar a contratação de mais funcionários para a companhia. A meta é aumentar o tamanho da equipe de 27 para 60 funcionários até o fim do ano. A maior parte do time, atualmente, é formada por engenheiros e desenvolvedores de software.

Com o reforço na equipe, a BrandLovrs espera conseguir antecipar seu plano de expansão. Em dezembro, a companhia tinha 3 mil influenciadores e 15 marcas em seu ecossistema. O objetivo era alcançar 50 mil criadores de conteúdo e 300 marcas em 18 meses. “Devemos conseguir fazer isso bem antes”, diz Avellar.

A expansão internacional também pode sair do papel antes do previsto. Nos últimos meses, a BrandLovrs recebeu sondagens de empresas de países como México, Colômbia e Porto Rico.

Entre as marcas que a startup trabalha estão empresas como Hidratei, Kings, Aramis, Austral, VidaVeg, Lv Store, entre outras. Também estão na carteira os influenciadores digitais Whindersson Nunes (ÉOH!), Sarah Andrade (Opya) e Flávia Pavanelli (Fave).

Mercado de influência

O que esses e os novos investidores enxergam na BrandLovrs é a possibilidade de entrar em um negócio que explora um mercado fértil no Brasil: o da influência digital.

Um estudo realizado pela consultoria Statista com consumidores de diferentes partes do mundo mostrou que 40% dos compradores brasileiros já adquiriram algum produto divulgado por celebridades ou influencers.

brandlovrs sócios
Os fundadores da BrandLovrs Rafael Marino, Rapha Avellar e Rômulo Galvão (da esq. à dir.)

Nos Estados Unidos e no Reino Unido, o percentual fica abaixo de 20%. E segundo levantamento da Meta, o Brasil já tem mais de 20 milhões de criadores de conteúdo digitais.

Para explorar esse mercado, a BrandLovrs desenvolveu um software que conecta microinfluenciadores às empresas num modelo semelhante ao de um marketplace em que as companhias convidam criadores de conteúdo a fazerem parte de suas comunidades digitais. Nelas, as empresas disponibilizam desafios para os influenciadores com o objetivo de divulgar a marca.

Essas tarefas vão desde o compartilhamento de códigos promocionais de desconto ou a criação de conteúdo relacionado a divulgação de produtos e serviços. Quando os desafios são executados e convertidos em vendas, os microinfluenciadores são recompensados financeiramente. Esse valor sai de um orçamento que a contratante destinou para esse fim.

A BrandLovrs ganha dinheiro ao cobrar uma assinatura mensal das empresas interessadas em divulgar suas marcas pelo uso do software, um valor entre R$ 799 e R$ 3.995. Outra fonte da companhia é a cobrança de um take rate de 10% da receita das vendas da empresa e de 20% em cima do valor pago aos microinfluenciadores.

Do lado das empresas que utilizam o serviço, a BrandLovrs informa que as marcas que assinaram a plataforma estão tendo um crescimento de 10% a 15% de receita adicional. Isso significa um retorno entre 7 e 15 vezes o valor investido na plataforma para contratar o exército de microinfluenciadores.