Jamie Dimon, CEO do J. P. Morgan e um dos executivos mais influentes dos Estados Unidos, saiu em defesa da independência do Federal Reserve ao rebater os ataques do ex-presidente Donald Trump contra Jerome Powell.
“A independência do Fed é absolutamente crítica”, disse o executivo a jornalistas na terça-feira, 15 de julho, após a conferência que apresentou o resultado do segundo trimestre do banco.
Dimon, que em outros momentos elogiou cortes de impostos e desregulações promovidos pelo governo Trump, foi o primeiro líder de uma grande instituição financeira a ser contundente em seu posicionamento contra as investidas do ex-presidente sobre Powell.
O CEO do J. P. Morgan alertou que “brincar com o Fed pode ter consequências adversas”. O executivo ecoou o temor em Wall Street de que a tentativa de minar a autonomia do banco central possa prejudicar a credibilidade do país, impactar o mercado de títulos e provocar uma fuga de capitais, elevando o custo de financiamento para empresas, famílias e para o próprio governo americano.
Dimon também afirmou esperar que Trump não tente substituir Powell antes do fim do mandato do presidente do Fed, previsto para maio do próximo ano, e que, quando chegar o momento, apoie um sucessor comprometido com a independência do banco central.
Trump tem pressionado Powell há meses para cortar a taxa básica dos Estados Unidos, hoje entre 4,25% e 4,5%, chegando a pedir reduções de até 3 pontos percentuais. Embora a autonomia do Fed assegure Powell no cargo até o fim do seu mandato, Trump, contrariado, vem buscando desgastá-lo.
Além das críticas públicas, na última semana a ofensiva de Trump contra Powell ganhou novos contornos, quando o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, Russ Vought, enviou uma carta com críticas à reforma de um prédio histórico do Fed em Washington.
No documento, Vought sugere que o banco central teria alterado projetos já aprovados pela Comissão Nacional de Planejamento de Capital em 2021, o que violaria a Lei Nacional de Planejamento de Capital, e cobra explicações formais de Powell.
Em seguida, usou o X (ex-Twitter) para comparar a reforma da sede do Fed a um “Palácio de Versalhes”, numa tentativa de reforçar a narrativa de que o banco central estaria mais preocupado com luxo do que com a estabilidade econômica.
Em paralelo à defesa da independência do Fed, investidores passaram a enxergar ainda menos espaço para cortes de juros após dados apontarem para uma inflação ao consumidor mais persistente do que o esperado. A alta, em junho, foi de 2,7% no acumulado de 12 meses, o maior patamar desde fevereiro. A expectativa era de aceleração de 2,4% para 2,6%.
Com a divulgação dos números da inflação, o mercado reduziu em 5 pontos percentuais, para 53,5%, a probabilidade precificada nas curvas de juros de o Fed cortar a taxa em setembro. Para o fim do ano, a chance de três cortes de 0,25 p.p. caiu para o menor nível em pelo menos um mês, com o mercado passando a precificar uma probabilidade de 19,5% contra 26,5% no pregão anterior.
O cenário mais provável segue o de dois cortes, com 42,6% de chance. Já as apostas de apenas um corte ganharam força, com investidores passando a precificar uma probabilidade de 30,5%, ante 24,3% anteriormente.