Historicamente conhecida pelo negócio de calçados femininos, a Arezzo&Co tem demonstrado disposição para desfilar por outras passarelas. Em 2020, por exemplo, comprou a Reserva, de moda masculina, por R$ 715 milhões. Há três meses, anunciou a aquisição da Baw, de roupas casuais e famosa entre influenciadores, por R$ 105 milhões.

Para analistas do Goldman Sachs, o grupo tem sido bem-sucedido na hora de incorporar as operações e fazer com que os novos negócios se traduzam rapidamente em ganhos para a companhia, inclusive com resultados maiores que o esperado.

Em relatório distribuído a clientes nesta terça-feira, 21 de setembro, o banco americano de investimentos passou a recomendar a compra do papel da companhia. Antes, a visão era neutra. O preço-alvo para 12 meses foi elevado de R$ 97 para R$ 115, uma valorização potencial de 38,6% em relação ao fechamento do pregão de segunda-feira, 20 de setembro, quando a ação encerrou a sessão negociada a R$ 82,98.

“Nos últimos dois anos, a Arezzo&Co saiu, com sucesso, de uma história de crescimento orgânico para uma abordagem híbrida alavancada por fusões e aquisições”, escreveram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached, Chandru Ravikumar e Gustavo Fratini. “A rápida integração das aquisições recentes deixa espaço para a criação de valor adicional a partir da alocação de capital.”

O Goldman Sachs destaca ainda que, com os novos públicos que a Arezzo&Co está atingindo, o mercado endereçável chega a R$ 40 bilhões, 3,5 vezes mais do que antes. Além de Reserva e Baw, a companhia anunciou em 2019 que assumiria a operação da Vans no Brasil, também de moda casual, por R$ 50 milhões. “A Arezzo&Co deu três passos concretos para cumprir o seu objetivo de ser uma casa de marcas.”

Pelas contas do banco, em 2015, 92% das vendas do grupo eram preenchidas por apenas duas marcas: a própria Arezzo e a Schutz, de calçados e bolsas femininas. Em 2020, essa proporção caiu para 66%, em razão das diversificações.

A Reserva, por exemplo, deve terminar 2021 com 19% de participação nas vendas, segundo as estimativas do Goldman Sachs, que tem visto números melhores que o esperado. Segundo o banco, a Reserva vai atingir em 2021 o que havia planejado para 2022, com um aumento de 50% na receita em relação a 2019.

A Arezzo&Co, de Alexandre Birdman (à esq), comprou em 2020 a Reserva, comandada por Rony Meisler

"Acreditamos que as expectativas de alta de receitas, juntamente com sinergias operacionais, devem apoiar ganhos de margem, estreitando a lacuna de lucratividade entre Reserva (um dígito alto a dois dígitos baixos, quando adquirida) e o legado da Arezzo&Co", escreveram os analistas.

Para 2021, a expectativa do Goldman Sachs é que a receita do grupo alcance R$ 2,682 bilhões, aumento de 66,3% em relação a 2020. A previsão está um pouco acima do que o banco previa antes, de R$ 2,637 bilhões.

“Embora já tivéssemos incorporado parte da expansão proveniente das aquisições (especialmente Reserva) em nossos números, os resultados recentes aumentaram nossa confiança na capacidade da gestão em impulsionar o crescimento", pontuaram os analistas no relatório.

Como consequência, o Goldman Sachs agora tem uma projeção para o Ebtida que está acima das projeções do mercado. Enquanto o banco americano espera um avanço médio de 5% ao ano entre 2021 e 2023, o consenso dos analistas está em torno de 3%, nas previsões colhidas pela Bloomberg.

Avaliada em R$ 8,59 bilhões, a Arezzo&Co teve lucro líquido de R$ 132,5 milhões no segundo trimestre de 2021, depois de um prejuízo de R$ 82,3 milhões em igual período do ano passado. A projeção do Goldman Sachs é que o lucro chegue a R$ 322 milhões em 2021, mais de seis vezes o resultado de 2020, quando os ganhos foram de R$ 48,6 milhões.