Em meio a seca de investimentos em venture capital, a healthtechs Omni Saúde acaba de concluir sua quarta rodada em dois anos, trazendo para a base de acionistas players do setor de saúde.
O aporte foi liderado pela Enseada, family office da família fundadora da SulAmérica, e contou com participação de Isa Tanure (controladora da Alliança), Andre Kina (fundador da 4Bio, vendida para a RD Saúde) e Renato Garcia Carvalho (executivo global da Novartis).
A base de acionistas da Omni Saúde conta também com a Green Rock, fundo de venture capital especializado em saúde das famílias que fundaram o laboratório Salomão Zoppi, e a Norte Ventures, além de vários investidores-anjo, como Jaime de Paula (Neoway) e Paulo Yoo (dr.consulta).
“É um round com players estratégicos de saúde que dá um peso para a tese. São todos com grande know how na área, mas que são complementares”, diz Fernando Domingues, fundador da Omni Saúde ao lado de Leopoldo Veras, que teve passagem pela Qualicorp e pela Epharma, uma das principais incumbentes do setor de medicamento.
No total, a Omni Saúde levantou mais de R$ 22 milhões nessas quatro rodadas – essa última foi de US$ 1 milhão. O baixo valor em vários aportes marca uma tendência no setor de venture capital: rodadas menores para que a empresa possa, pouco a pouco, ir “passando de fases”. E a aposta em empreendedores de segunda jornada.
No caso, Domingues é um empreendedor serial que já está em sua terceira startup. Ele também fundou a Conexa, uma plataforma de telemedicina, e a Cannect, que conta com um marketplace de produtos a base de cannabis.
“Entendemos que o Fernando e o seu sócio, o Leopoldo, são pessoas de mercado com uma jornada muito bacana. Ele (Fernando) fez da Conexa uma referência”, diz Louis de Ségur de Charbonnières, da Enseada, que terá um assento no conselho da Omni Saúde.
A Omni Saúde é um seguro (não regulado) de medicamentos tarjados – e não um plano de desconto para compra de remédios em farmácias, como muitos planos de saúde oferecem.
O seguro é oferecido às empresas, que pagam uma mensalidade que dá direito aos funcionários comprarem os medicamentos. Tudo é feito via aplicativo e a compra pode ser feita em qualquer farmácia via PIX.

Um exemplo é o plano Celeste, que só cobre medicamentos genéricos e tarjados e é o carro-chefe da startup. A empresa paga R$ 20 por mês por funcionário. E cada funcionário tem um saldo de R$ 200 mensais não acumulados para gastar com esse tipo de medicamento.
Como a startup ganha dinheiro se recebe uma mensalidade de R$ 20 e dá saldo de R$ 200 para o funcionário? É a lógica do seguro, em que há um cálculo atuarial que analisa os riscos. Além disso, o funcionário só consegue usar o benefício se tiver prescrição médica. “Controlamos a sinistralidade e as fraudes”, afirma Domingues.
Atualmente, a Omni Saúde tem já tem 38 empresas como clientes. Entre elas, estão Alper, Riachuelo, Spoleto e Stefanini. São 30 mil vidas que usam o seguro da startup.
Com os recursos, o plano da Omni Saúde é contratar mais profissionais para a área de tecnologia para aprimorar a inteligência de precificação, assim como o controle de sinistralidade.
A startup vai crescer também sua área comercial. O plano é contar com mais de 70 mil vidas até o fim deste ano. Para atingir essa meta, a Omni Saúde deve ampliar os seus canais de venda.
Atualmente, a Omni Saúde faz vendas diretas para as empresas – a porta de entrada é sempre o departamento de recursos humanos. A ideia é fechar parcerias com operadores de saúde para oferecer o seu seguro.
Uma dessas parcerias é com a Odontoprev, uma das maiores operadoras de planos dentais do Brasil, que vai passar a vender também os produtos da Omni Saúde para a sua base.
Esse é mais um investimento direto do family office Enseada. O portfólio inclui dezenas de empresas. Entre elas, Rezultz, Maldivas, Hashdex, Isa Lab e Pipo Saúde.