As ações da Prio registram a maior alta do Ibovespa na sexta-feira, 2 de maio, um dia após a companhia fechar um acordo classificado pelos analistas como “um catalisador importante” e “uma oportunidade de uma vida” para uma empresa ainda vista como uma júnior oil.

Os papéis da produtora de petróleo subiam mais de 6,5% perto das 14h, a R$ 35,91, impulsionada pela notícia do acordo firmado com a Equinor para a aquisição da participação de 60% e a operação do Campo de Peregrino, localizado na Bacia de Campos, a leste do Rio de Janeiro. No ano, os papéis acumulam queda de 12,8%.

Bastante aguardado pelos investidores, o acordo possui cifras elevadas, equivalente a cerca de dois terços do market cap da companhia, que soma R$ 31,9 bilhões.

A Prio pagará US$ 3,35 bilhões, numa operação que ocorrerá em duas etapas – primeiro, a aquisição de uma participação de 40% e operação por US$ 2,23 bilhões, mais um earn-out de US$ 166 milhões, e a participação restante de 20% por US$ 951 milhões. A Prio já era dona de 40% do ativo.

O fechamento da compra é esperado para acontecer entre o final de 2025 e meados de 2026, mediante as aprovações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Por conta desses valores, a Prio estima que a alavancagem financeira deve chegar para perto de 2 vezes, depois de fechar 2024 em 1,2 vez em termos ajustados.

O BTG Pactual destaca que a aquisição ocorre num momento em que os preços do petróleo estão depreciados, com o Brent sendo negociado na casa dos US$ 60 o barril. Para os analistas Luiz Carvalho, Pedro Soares e Henrique Pérez a alavancagem pode alcançar 2,5 vezes neste ano caso o Brent fique entre US$ 60 e US$ 65 o barril.

Mas não se trata de um ponto que os preocupa, diante da expectativa de que a relação entre dívida líquida e Ebitda recue a 1,5 vez em 2026, assumindo ganhos de sinergia e o cronograma de pagamentos espaçado.

“Mais importante, concordamos com a abordagem anticíclica da administração — alavancando um balanço patrimonial robusto para buscar oportunidades de agregação de valor enquanto muitos permanecem à margem”, diz trecho do relatório.

A XP Investimentos avalia que é improvável que o preço final fique no nível acertado. “Acreditamos que o pagamento em dinheiro real no fechamento pode estar mais próximo de US$ 2,2 bilhões se o Brent permanecer na faixa de US$ 60 a 70 o barril ao longo de 2025”, diz o analista Regis Cardoso.

Em março, o CEO da Prio, Roberto Monteiro, afirmou que a régua para aquisições tinha subido, com ativos na casa dos US$ 2 bilhões para cima, sem desviar “o foco para algo que possa significar pouco capital e muita dor de cabeça”.

A consolidação de Peregrino vai adicionar 202 milhões de barris de reservas à base da Prio, o que representa cerca de 20% do total das reservas 3P (provadas, prováveis e possíveis), destaca a Ativa Investimentos. No primeiro trimestre de 2025, a participação da Equinor na produção do campo de Peregrino foi de aproximadamente 55.000 barris por dia.

Segundo a equipe de research da correta, a localização do campo dentro da Bacia de Campos, em que a Prio possui operações nos campos de Polvo e Tubarão Martelo , reforça a racionalidade estratégica da aquisição, “dada a expertise comprovada da companhia na região e o histórico de captura de eficiência operacional quando atua como operadora”.

“Assim, sob a ótica operacional, classificamos a operação como positiva e geradora de valor”, complementa.

Para o analista da XP, apesar da extensão da criação de valor depender das sinergias esperadas, custo de financiamento, cronograma de fechamento e, mais importante, os preços do Brent, a compra agrega valor para a Prio e os acionistas.

“Em nossas estimativas, o acordo adiciona R$ 3 por ação (US$ 420 milhões) a R$ 5 por ação (US$ 740 milhões) em valor patrimonial para os acionistas da Prio, o que representa um upside de 9% a 15% nos preços atuais das ações”, diz trecho do relatório.

E os analistas do BTG Pactual avaliam que a transação, por não prejudicar a geração de fluxo de caixa, potencialmente acelera a transformação da Prio numa “máquina de dividendos” em 18 meses.