Depois que o Softbank anunciou um fundo de US$ 5 bilhões para investir em startups na América Latina, os olhos dos investidores se voltaram para a região. Não apenas o olhar: eles estão abrindo a carteira.

Os principais fundos da região estão, neste momento, fazendo roadshows para captar recursos para investir em startups da região. “A liquidez está muito alta. Parece que o Brasil voltou à moda”, diz um gestor de um fundo de venture capital.

Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, o fundo Kaszek, dos mesmos fundadores do Mercado Livre, está captando US$ 500 milhões. A Monashees está em um roadshow nos Estados Unidos em busca de US$ 250 milhões.

Além disso, o empreendedor Julio Vasconcellos, que voltou ao Brasil, está estruturando um novo fundo, batizado de Atlantico, que estaria captando US$ 150 milhões para investir em empresas iniciantes da América Latina. Os recursos seriam usados em aportes para as chamadas séries A e B.

Procurados, o Kaszek, a Monashees e Julio Vasconcellos não quiseram fazer comentários a esta reportagem.

O NeoFeed apurou ainda que o Redpoint eventures está também concluindo a captação de um novo fundo que chegaria a aproximadamente US$ 250 milhões.

No caso da Redpoint eventures, uma fonte informou que Itaú e XP criaram fundos para investir nessa captação. No total, as duas instituições captaram com seus clientes de alta renda quase R$ 200 milhões.  Procurado, a gestora não se manifestou.

O Canary, conforme antecipado com exclusividade pelo NeoFeed, está também prestes a concluir uma captação de US$ 50 milhões.

Somadas, os cinco fundos estariam levantando no mercado aproximadamente US$ 1,2 bilhão. “O Brasil está estável economicamente e os juros estão superbaixos”, diz outro gestor, que também vai começar em breve uma nova captação de recursos. “O que está trazendo potencial de retorno alto, no momento, são os fundos de venture capital.”

No ano passado, os fundos de venture capital investiram US$ 2,5 bilhões em startups da região, de acordo com a consultoria PitchBook Data.

No ano passado, os fundos de venture capital investiram US$ 2,5 bilhões em startups da região, mais do que o dobro do que foi aportado em 2017, de acordo com a consultoria PitchBook Data.

Demanda alta

O Kaszek Ventures está estruturando dois novos fundos. Um de US$ 300 milhões para investir em empresas em estágios iniciais e outro de US$ 200 milhões para startups mais avançadas.

A Monashees Capital, por sua vez, está captando o seu nono fundo. Um indicativo do apetite dos investidores é o fato de que a gestora levantou US$ 150 milhões, em novembro do ano passado. Menos de um ano depois já está de novo buscando recursos.

“A demanda está muito alta e eles estão limitando a oferta a um tamanho razoável, levando em conta a qualidade de deals disponíveis”, afirma uma fonte, que conhece detalhes da oferta da Monashees.

O novo fundo de US$ 250 milhões, conforme apurou o NeoFeed, está sendo oferecido para os investidores que participaram de captações anteriores. Só entrarão novos investidores se houver espaço.

Unicórnios

Sem grande alarde, a América Latina começou a chamar a atenção dos investidores em 2018, quando o aplicativo de transporte 99 foi vendido para a chinesa Didi Chuxing, a Uber da China. Na transação, a companhia foi avaliada em US$ 1 bilhão, transformando-se oficialmente no primeiro unicórnio brasileiro, jargão usado para se referir a startups que valem mais de US$ 1 bilhão.

Na sequência, diversas outras startups receberam aportes e passaram a valer mais de US$ 1 bilhão. Entre elas, estão a fintech Nubank, o aplicativo de academias gympass e os aplicativos de entregas iFood e a Loggi, para citar os exemplos brasileiros. A colombiana Rappi também virou um unicórnio e recebeu recentemente US$ 1 bilhão do Sofbank.

Ao mesmo tempo, algumas empresas conseguiram abrir o capital nos Estados Unidos, abrindo uma porta de saída para os investidores. Os casos bem-sucedidos são o PagSeguro, do UOL, e a Stone, do empreendedor André Street.

“Muita gente começou a ver que o mercado tinha volume e que dava também para ganhar dinheiro”, afirma uma fonte do setor

“Muita gente começou a ver que o mercado tinha volume e que dava também para ganhar dinheiro”, afirma uma fonte do setor. “Esse movimento começou com a 99 e puxou o resto.”

Ao mesmo tempo, os gestores estão preocupados com o volume de recursos que está sendo captado para investir em startups da região. Há duas fontes de inquietação.

O primeiro fator é se há tantos projetos de boa qualidade capazes de receber esses recursos. O outro é o aumento do valor das avaliações, que vão ser puxadas para cima. “É uma chuva de dinheiro, mas será que vamos ter startups suficientes para isso?”, diz um investidor. A conferir.

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