Depois de idas e vindas, e um risco de judicialização, Elon Musk finalmente fechou a compra do Twitter, concordando pagar US$ 44 bilhões pela rede social para fechar seu capital. Mas os primeiros atos de Musk como dono do Twitter podem acrescentar uma conta extra de US$ 100 milhões.

Esse é o valor que ele terá de pagar para três dos principais executivos, que teriam sido demitidos pelo homem mais rico do mundo: o CEO Parag Agrawal, o diretor financeiro Ned Segal, e a chefe do departamento jurídico da empresa, Vijaya Gadde.

O trio terá direito de receber mais de US$ 100 milhões por conta do chamado golden parachute (paraquedas de ouro, em inglês). Esse é o nome dado ao pacote de benefícios que executivos de grandes empresas têm direito quando ocorre uma fusão e eles são dispensados. 

Pelos cálculos da Bloomberg, Agrawal, que assumiu o comando do Twitter há menos de um ano, terá o direito de receber cerca de US$ 50 milhões. Segal e Gadde, por sua vez, receberão em torno de US$ 37 milhões e US$ 17 milhões, respectivamente. 

O golden parachute de Agrawal e dos dois executivos traz como benefício uma indenização equivalente a um ano de salário, mais valores por suas ações. Além disso, a companhia será obrigada a pagar seus planos de saúde por um ano. 

A relação entre Musk e o comando do Twitter não é amigável desde que ele tentou desistir da compra em julho, alegando que a companhia estava manipulando os dados a respeito de contas falsas e bots. 

Mensagens de textos reveladas no processo movido pelo Twitter contra Musk revelaram que o fundador da Tesla e Agrawal tiveram uma troca de mensagens tensa no começo do processo, depois que o bilionário perguntou a seus seguidores na rede social se ela estava “morrendo”. 

Apesar da ameaça de desistir, Musk voltou atrás e fechou a compra do Twitter, mantendo a oferta de pagar US$ 54,20 por ação para fechar o capital. 

Documentos regulatórios apresentados à Bolsa de Nova York nesta sexta-feira, dia 28 de outubro, confirmaram a operação e informaram que as operações com ações da empresa estavam suspensas, diante da iminente deslistagem, marcada para 8 de novembro. 

Com a conclusão da operação, Musk, que se define como um “absolutista da liberdade de expressão”, assume o controle do Twitter, plataforma popular entre políticos pelo mundo e que, juntamente com outras redes sociais, foi acusada de permitir a promoção de fake news. 

O bilionário já prometeu reduzir os custos da companhia, inclusive via demissões, e promover a evolução da plataforma, com o objetivo de torná-la um “superapp” que incorpora serviços de pagamentos, e-commerce e mensagens instantâneas. 

Na frente de conteúdo, ele quer revisar as políticas de moderação, inclusive acabando com a possibilidade de banir permanentemente usuários, abrindo caminho para a volta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, expulso do Twitter após o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. 

Ainda assim, Musk procurou ressaltar a anunciantes que o Twitter continuará tendo regras de moderação, afirmando que a plataforma não pode se tornar um “cenário infernal, em que qualquer coisa pode ser dita sem consequências”, segundo trecho de carta que ele publicou na rede social.