Em junho deste ano, o empreendedor Gian Martinez, fundador da Winnin, circulou por Cannes, onde acontece anualmente o mais importante festival de publicidade e marketing do planeta. E não se surpreendeu com o tema dominante no evento: a inteligência artificial.

A discussão que praticamente monopolizou os participantes do evento na Riviera francesa era como a inteligência artificial iria influenciar a publicidade e, até que ponto, ela mataria a criatividade humana.

Essa são perguntas das quais Martinez tem a resposta na ponta da língua. “A inteligência artificial vai potencializar a criatividade humana”, diz o fundador da Winnin, ao NeoFeed. “E já estamos vivendo isso há muito tempo na Winnin.”

Fundada em 2014, a Winnin criou uma plataforma que recursos de inteligência artificial para aliar dados e criatividade. A ferramenta mapeia bilhões de vídeos globalmente de sites como YouTube, Instagram, TikTok, Facebook e Twitch, e faz o que Martinez chama de o “trabalho sujo, chato e demorado” para entender os insights e deixar a “bola na cara do gol para o ser humano criar a sua magia.”

Dessa forma, a Winnin conquistou 76 clientes espalhados pelo mundo, atendendo nomes como Google, Coca-Cola, Netflix, Meta, AB InBev, Nubank e Unilever e atraiu investidores tão díspares como a Coca-Cola e a AB InBev, dois concorrentes do mercado de bebidas.

Agora, a Winnin acaba de captar uma série A com a Alexia Ventures e Kaszek para investir em sua plataforma e avançar em sua estratégia de internacionalização. Em especial, nos Estados Unidos, onde está abrindo um escritório local para conquistar mais clientes. “Esses recursos vão ser usados para a gente escalar. Estamos reforçando o time de liderança e o produto”, afirma Martinez.

O valor captado não foi divulgado. Mas uma rodada série A sai por um valor médio de US$ 8,9 milhões no Brasil, em 2024, segundo dados do Distrito. Com o aporte, Patrick Arippol, cofundador e managing partner da Alexia Ventures, e Nico Berman, sócio da Kaszek e ex-CMO do Mercado Livre, passam a fazer parte do board da Winnin. Coca-Cola e AB InBev deixaram a base de acionistas.

Expansão internacional

A Winnin já trouxe dois reforços para o time. O primeiro deles é Rodrigo Maroni, que vai comandar a operação nos Estados Unidos. A startup já tem clientes por lá, como Coca-Cola e AB InBev. Agora, quer estar mais perto dessas contas não só para melhor atender essas empresas, como também conquistar novas. Atualmente, 35% da receita da Winnin já é internacional.

Gian Martinez, fundador e CEO da Winnin
Gian Martinez, fundador e CEO da Winnin

Entrou para a Winnin também Thiago Lima, que estava na rede social Pinterest. Ele é o novo vice-presidente de growth da startup. Sua missão, segundo Martinez, é “liderar e estruturar a máquina de vendas”. Hoje, as receitas são no modelo SaaS (software as a service). Os clientes, em geral, pagam uma assinatura anual para usar a plataforma.

Os recursos da captação vão também para aprimorar a plataforma, melhorando os recursos de inteligência artificial. A Winnin criou uma grande base de dados de vídeos, que permite identificar o que as pessoas estão fazendo através do mapeamento de cultura e de interesses. “Consigo saber quais as tendências que vão continuar crescendo e quais são efêmeras”, afirma Martinez.

O CEO e fundador da Winnin conta dois exemplos que ilustram como a plataforma funciona. Um deles é de uma empresa do setor de alimentos que queria entrar no mercado de saúde com um produto e fez isso, com a ajuda da ferramenta da startup, se conectando com pessoas que praticam “crossfit”.

O outro foi o trabalho em conjunto com a cerveja Spaten, que patrocinou a luta de UFC entre o brasileiro Anderson Silva e Chael Sonnen. A Winnin ajudou a mapear as paixões das pessoas para desenhar uma plataforma de longo prazo, identificando que a luta é o segundo esporte mais relevante entre os brasileiros.

“(A luta) foi um dos assuntos mais falados por três semanas”, diz Martinez. “Foi uma bomba atômica e muito positivo para a marca.”

No ano passado, a Winnin passou a operar no breakeven. Com o aporte – e os investimentos previstos – a companhia volta a ficar deficitária. Sem revelar dados, Martinez diz que a companhia vem crescendo a um triplo dígito nos últimos anos. De acordo com ele, o faturamento da Winnin é de dezenas de milhões de reais. E o plano é chegar a centenas de milhões de reais em breve.