O BTG Pactual revisou suas projeções para as ações da C&A e elevou a recomendação da rede varejista de neutra para compra. Para o banco, a empresa nos últimos dois anos tem conseguido trazer os resultados prometidos da sua reestruturação na época do IPO em 2019, além de estar com um valuation muito atrativo.

A ação CEAB3 abriu o pregão de sexta-feira, 7 de março, aos R$ 9,64. Ao longo do pregão, o papel se valorizou cerca de 9% e  passou a ser negociada na casa dos R$ 10,50. Para o BTG, a ação tem potencial de chegar a R$ 17, um upside aproximado de 70% até o fim do ano (detalhe: a alta acumulada em 2025 passa de 40%).

A C&A veio a mercado com estratégia de crescimento a expansão de lojas pelo Brasil e ao mesmo tempo melhorar as suas vendas online, e também acelerar a sua originação de crédito e fortificar o seu business financeiro. Mas com a pandemia em 2020, muitas iniciativas foram postergadas.

No entanto, nos últimos dois anos elas foram não somente iniciadas como aceleradas com a companhia focando em cinco grandes iniciativas de crescimento: aumento da produtividade das lojas; aumentar o uso do C&A Pay e do ‘Push and Pull’ (estratégia de suply chain) nas vendas; e melhorar a assertividade da precificação dos produtos; além de renovar lojas para ficarem mais modernas.

E isso já vem trazendo resultado. Nos últimos trimestres, a C&A demonstrou, segundo o BTG, um equilíbrio maior na precificação e melhorou a experiencia do cliente ao integrar ferramentas digitais de compra nas lojas.

Ao mesmo tempo, os custos se mantiveram controlados, em grande parte graças ao sucesso da iniciativa Energia C&A, lançada para melhorar a variedade de produtos e personalizar as 332 lojas da empresa com base no público-alvo. Segundo a empresa, a iniciativa de três anos já capturou 25% dos ganhos esperados, com mais melhorias antecipadas para 2025 e 2026.

Os analistas do relatório tiveram um encontro com o CEO Paulo Correa e o CFO Laurence Beltrão. Os executivos afirmaram que esperam que o capex aumente gradualmente, dadas as oportunidades de acelerar novas inaugurações e reformas de lojas. Em relação ao capital de giro, ainda há espaço para liberar dinheiro, principalmente otimizando estoques.

Quanto à C&A Pay, que cresceu no último ano 8% e atingiu R$ 1 bilhão, a gerência a vê principalmente como uma ferramenta para fortalecer relacionamentos com clientes, em vez de um impulsionador direto de vendas. Embora a atual taxa de penetração de cerca de 25% deva ser mantida no curto prazo, eles acreditam poderem atingir 30-35% a longo prazo de forma gradual.

Para o BTG, o fato de ainda se ter muitos ganhos a serem capturados pelas mudanças e um valuation atrativo de 8,3x P/E torna a ação atrativa para compra. Em um relatório do mês passado, a XP reiterou a recomendação de compra da C&A com um target de R$ 12 a ação até o fim do ano.

Na semana passada a companhia divulgou os seus resultados do quarto trimestre de 2024 com resultados bem expressivos. O lucro líquido de R$ 254,9 milhões, um crescimento de 59,8% em no mesmo período de 2023. E reverteu o prejuízo de R$ 6,8 milhões do ano anterior para um lucro líquido de R$ 452,5 milhões.

Foi registrado um Ebitda ajustado de R$ 593,4 milhões no trimestre, um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. E no anualizado, o Ebitda ajustado totalizou R$ 1,4 bilhão, um aumento de 33% em comparação com 2023.

Já a receita líquida consolidada apresentou um aumento de 11,3% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 2,5 bilhões no quarto trimestre. A receita de vestuário, isoladamente, registrou um crescimento de 14,4%, atingindo R$ 2,2 bilhões no mesmo período. Em 2024, a receita totalizou R$ 7,6 bilhões, um aumento de 13,7% em comparação com o ano anterior.