Com uma carteira de crédito de R$ 61,1 bilhões e presença em 30% dos municípios da Amazônia Legal, o Banco da Amazônia quer quebrar paradigmas sobre a região e mostrar que a Amazônia não é só floresta, mas também uma “economia pujante".
"É um número que mostra que a Amazônia é desse tamanho e que ela ainda tem potencial para crescer muito mais", disse Fábio Maeda, diretor de relações com investidores do Banco da Amazônia, ao programa Números Falam, do NeoFeed.
Com 123 agências espalhadas pela Amazônia Legal, o banco enfrenta desafios logísticos únicos. Enquanto o mercado financeiro nacional digitaliza e fecha agências, o Banco da Amazônia mantém estratégia diferente.
No primeiro trimestre deste ano, o atendimento físico cresceu 1% no primeiro trimestre, enquanto o uso de caixas eletrônicos caiu 31,9%. O banco encerrou os primeiros três meses do ano com ROE de 19,6%
"Tem essa questão cultural. Por ser um público com baixa bancarização, muitas vezes somos a única agência bancária. É um público que vai na agência e busca proximidade", diz Maeda, que também é diretor de controle e risco da instituição.
Neste ano, o Banco da Amazônia está passando por sua maior transformação desde a criação, há mais de 80 anos. A instituição criou o Programa Transformação para gerar R$ 200 milhões em novas receitas e conquistar 350 mil novos clientes em 2025.
O movimento surge da necessidade de diversificar além do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), que tradicionalmente se esgota entre agosto e setembro de cada ano.
"O banco sempre operou esse fundo do governo federal para subsidiar o desenvolvimento da região. Nos últimos anos, ele aplica totalmente o FNO. O que percebemos é que precisávamos entrar num momento novo", afirmou Maeda.
A estratégia envolve revisão completa do banco, como a diversificação do portfólio com seguros, consórcio e cartão de crédito. Isso sem tirar o foco de linhas tradicionais e importantes para a região, como o microcrédito e a agricultura familiar.
A instituição firmou parcerias internacionais relevantes com bancos de fomento. O Banco da Amazônia captou € 80 milhões com a Agência Francesa de Desenvolvimento e US$ 100 milhões com o Banco Mundial.
"O que essas organizações veem é que o Banco da Amazônia é uma instituição atuando numa região difícil, e o mundo vê a Amazônia como uma solução possível", afirmou o executivo.
Maeda destaca que a COP 30, que acontece em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano, representa oportunidade única para potencializar discussões e atrair mais recursos para a região.
No primeiro trimestre, por exemplo, as chamadas linhas verdes do banco movimentaram R$ 1,7 bilhão, um crescimento de 41,7% em relação ao mesmo período de 2024.
"Os clientes do banco dependem da floresta para sobreviver. Sempre foi prática do Banco da Amazônia, muito antes de se começar a falar sobre ESG", diz Maeda.
Com o ticker BAZA3, a ação do Banco da Amazônia acumula queda de 13,8% neste ano. O valor de mercado da instituição é de R$ 4,1 bilhões.